domingo, 19 de junho de 2016

Professores e alunos se dedicam a projetos ambientais de escola pública, em Porto Velho

O projeto em que os próprios alunos são os protagonistas dos programas. Professora diz que se saísse da escola o projeto acabava.

Alunos e voluntários da Murilo Braga trabalham no projeto Com-Vida (Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)

A Escola Estadual Murilo Braga, em Porto Velho, há sete anos realiza trabalhos sobre sustentabilidade dentro e fora das salas de aula. Esses projetos desenvolvem ações de Educação Ambiental (EA). Um serviço em que os próprios alunos são os protagonistas dos programas aplicados desde 2009, quando foi criada a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida) pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).

“Esse projeto fez com que os alunos através da percepção ambiental, visualizem os problemas socioambientais na escola e na comunidade, comenta a professora Carmem Andrade sobre a chegada da Com-Vida na escola.

Com o desenvolvimento de um espaço para estruturar uma horta, estudantes mobilizaram-se na criação de grama, produção de adubo, plantas medicinais e legumes na parte externa do prédio da instituição. Um cercado para o jardim foi também aproveitado, e pneus e garrafas pets reutilizados para decorar o ambiente.

Esse foi o primeiro passo para se alcançar um projeto escolar mais duradouro, especialmente, o que pudesse ser reconhecido no estado de Rondônia e até no país.

Água de ar-condicionado é aproveitada para regar as plantas.
(Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)
No final do ano de 2015, a escola, por meio da Com-Vida, selecionou alguns alunos para o “Desafio Criativo”, concurso de escolas públicas do Brasil que têm a Com-Vida atuante. Os estudantes fizeram uma obra de caráter sustentável reutilizando várias garrafas pets como tubos de água.

A água que pingava do ar-condicionado é captada por uma mangueira que esvazia o líquido nos tubos de pets. Ela serve para aguar flores e plantas, como o ‘capim santo’, que são plantados no jardim.

Essa obra foi premiada pela Instituto Alana, organizadora do concurso, vários estudantes viajaram a São Paulo concorrendo com mais de 400 trabalhos de outras comissões, e assim, ficaram entre os cinco finalistas à medida de serem premiados em primeiro lugar no país, com o projeto: “Ar refrigerado e água uma combinação que dá Vida”.

“Comecei a perceber que esta era a proposta que eu tanto procurava para desenvolver as ações ambientais, com o envolvimento de todos. E hoje as nossas ações vão além dos muros da escola”, enfatiza Carmem sobre a atividade prática que levou os jovens da Murilo Braga para fora do estado.


Distribuição de Mudas

Como continuidade do programa de incentivo à Educação Ambiental, os alunos da Com-Vida reuniram o máximo de mudas de plantas nativas da região amazônica. No mês de maio, fizeram um mutirão de entrega em frente da escola.

Cerca de 60 mudas de plantas como ipê, cacau, manga, boldo, boldo do chile, açaí, goiaba e acerola foram distribuídas de graça. O intuito da campanha desenvolvida pelos estudantes, intitulada de “Adote uma árvore” é de distribuir mudas exóticas ou que estão desaparecendo no meio ambiente, assim como forma de readequar o espaço urbano. 

Além de distribuir as plantas, uma forma de controlar o destino delas foi desenvolvido pelos agentes do projeto. 

Maico Patrik de 12 anos auxiliou na entrega das plantas. Ele registrou numa prancheta dados do visitante do projeto que decide ficar com a muda. “Anoto o nome, bairro e tipo de planta. Pra depois colocar no planejamento”, explica o estudante que é do 6º ano.


Desempenho de professores e alunos

Carmem é professora de Geografia. 
(Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)

Carmem Andrade é de Santana (AP), formada em Geografia há 20 anos, desde quando chegou a Porto Velho manteve suas atividades voltadas à Educação Ambiental.

Como os projetos são extracurriculares, a educadora acredita que quando sair da escola o trabalho não tenha continuidade por outros funcionários.

“Se eu fosse trabalhar em outra escola, com certeza, levaria essa experiência, pois eu amo o que faço. Eu já recebi convites de outras escolas, mas por enquanto quero ficar pela Murilo Braga”, diz.

O sistema de educação hoje favorece aos profissionais de ensino regular, a carga horária de 30 horas. E nestas condições, os tempos que tinham para executar trabalhos externos agora são compostos por mais horas de aulas.

Apesar de terem um tempo curto, o apoio dos alunos é um incentivo maior para continuar trabalhando com atividades práticas.

A aluna Ingrid Brasil, por exemplo, entrou na Com-Vida logo que começou a estudar na escola, em 2009. “Quando eu entrei nem falava com ninguém, eu era muito tímida”, relata. Anos depois não mediu esforços para ajudar a crescer o programa socioeducativo.

Além dela, outros estudantes estão fazendo parte do projeto, especialmente, para adquirir experiência quando precisam melhorar o comportamento nas salas de aula. A fim de estimular o interesse pelos estudos teóricos e práticos da instituição escolar.

Pauta e texto: Jackson Vicente
Edição: Marcela Ximenes

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