domingo, 19 de junho de 2016

Economista apaixonada por livros utiliza garagem de casa para incentivar crianças a ler



Rita de Cássia reúne crianças com finalidade de desenvolver a criatividade e despertar o gosto pela leitura de forma divertida e voluntária.


Crianças da sala de leitura Ojuobá mostrando o que aprenderam na tarde de atividades (Foto: Géssica Castro/Focas do Madeira)

Uma garagem comum, em um bairro comum de uma cidade comum. Comum demais para Rita de Cássia, uma economista de 54 anos que há 7 decidiu unir seu tempo livre com a paixão de ensinar.

Rita tem um emprego estável e também possui formação em letras. Um problema de saúde e a impossibilidade de trabalhar fez com que ela readaptasse seu cotidiano. Surgiu a ideia de montar ali mesmo, na garagem de casa, uma sala de leitura que atendesse as crianças do bairro.

Ela costuma dizer que lá as crianças não aprendem nada, e sim, compartilham experiências umas com as outras. “A pretensão é que as crianças se apaixonem. [...] Queremos que a história faça sentido, que realmente toque a criança.”

Os livros na sala vão desde literatura clássica a lançamentos. Rita quer semear nas crianças o prazer pela leitura e assim, proporcionar um desenvolvimento pessoal em cada uma. Mas a sala não é somente leitura. Brincadeiras, desenhos e atividades criativas são desenvolvidas nos encontros que acontecem três vezes na semana.

Para incentivar ainda mais a prática da leitura, Rita criou a moeda própria da sala, o Aimirin, que em tupi-guarani significa “formiga”. A cada livro lido e atividade realizada, a criança ganha uma moeda e no fim, troca por brincadeiras no computador, e até mesmo objetos que são “vendidos” no bazar que é realizado uma vez por mês.

Desenhos feitos por crianças da sala Ojuobá (Foto: Géssica Castro/Focas do Madeira). 
Nada disso seria possível se não fosse a dedicação e amor de Cássia pelas crianças. Ela brinca, ensina e até briga se for necessário.  Nesses sete anos, mais de sete mil crianças passaram pela sala, entre elas Neuranir, que é surda e muda. Rita diz que as crianças aprendem muito entre si, e que com Neuranir, todos estão aprendendo libras pra se comunicar com a colega.

Rita diz que os vizinhos ajudam pouco e que as pessoas ainda querem doar livros escolares, com equações e exercícios. Ela explica que a sala de leitura tem como principal objetivo despertar a vontade de ler, então, pede apenas a presença daqueles que desejam ajudar o projeto. “Quando alguém pergunta como pode ajudar, eu peço a presença. Muitas vezes aqui está lotado e eu não conseguiria fazer isso sozinha, sentar com uma criança pra ler, brincar, contar e interpretar junto aquela história”, explica.

Rita pretende melhorar a estrutura da sala com ar-condicionado e futuramente conseguir uma sede onde possa desenvolver trabalhos também com idosos.

A sala de leitura funciona terça, quinta e sexta-feira das 18h às 20h e aos domingos das 16 às 18h, no final da rua Major Amarante no bairro Arigolândia, em Porto Velho.


Pauta e Texto: Géssica Castro 
Edição: Marcela Ximenes

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