domingo, 19 de junho de 2016

Crise financeira faz empresas áreas modificarem a malha aeroviária em Rondônia

Para evitar maiores prejuízos empresas vem reduzindo o número de voos em todo país. Em Porto Velho, Infraero prevê redução de 20% no fluxo de passageiros em 2016.




Movimentação no aeroporto de Porto Velho dever ser deve ter queda de 20% em relação a 2015. (Foto: Jefferson Carvalho/Focas do Madeira)

Em meio a crise econômica que afeta o país, o estado de Rondônia passa por uma  modificação na forma de voar, para reduzir gastos as empresas aéreas que operam no aeroporto internacional Jorge Teixeira de Oliveira cancelaram voos, demitiram funcionários e tentam sobreviver em meio a uma economia esfacelada.

O caixa das principais empresas aéreas teve prejuízo líquido de cerca de R$ 3,7 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado. Desde 2011, as perdas acumuladas pelas companhias somam um rombo de R$ 13 bilhões.

O novo prejuízo registrado pelas principais companhias aéreas levou as empresas Gol e Azul a modificar a malha aérea, com cancelamento de voos em diversos estados brasileiros. 
Um dos estados afetados pela nova medida foi Rondônia, do inicio deste ano até o mês de maio a Gol cancelou os voos com as rotas de São Paulo-Porto Velho, Cuiabá-Porto Velho e Porto Velho com destino a Manaus e Rio Branco.  A Azul cancelou os voos com destino a Rio Branco.

Para quem realiza viagens o cenário atual é desanimador. É o caso da Dona Maria Caetano Pereira, aposentada de 64 anos. Ela costumava realizar entre três e quatro viagens por ano e atualmente aperta o orçamento para realizar apenas uma. Os destinos mais frequentes eram o Sul e Sudeste do país. Atualmente ela diz que tem que reavaliar as contas para programar uma viagem. “Antigamente era coisa de três, quatro viagens ao ano, já fui a Aparecida (em São Paulo), Camboriú (em Santa Catariana) e hoje em dia tenho que enxugar o orçamento para realizar uma viagem para o Nordeste, onde quero ir esse ano”, relata ela.

Apesar na queda no preço das passagens, a aposentada afirma que não sente a diferença no bolso, ela diz que uma viagem para Manaus custa quase R$ 2 mil. Em uma pesquisa no site da Latam (antiga TAM linha aéreas), uma passagem de ida e volta para a capital do Amazonas está custando em média R$ 1.871,44. “É um absurdo, Manaus é do lado do estado (de Rondônia), a passagem custa uma fortuna, como viajamos em seis sai muito caro”, desabafa a aposentada.

Sem incentivo

A modificação da malha aérea vem na contramão do preço das passagens, que vem caindo nos últimos anos. Em 2014, o preço médio da passagem era de R$ 332 uma queda de 4,5%. A queda nos valores em 2014 reverteu um movimento de alta dos preços que foi iniciado em 2012. 

Para o gerente de operações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Marco Crespo, a reformulação da malha aeroviária é um reflexo da situação econômica, de acordo com ele esse é o segundo passo para diminuir os custos das companhias, já que o primeiro (demissões) vem sendo feito nos últimos dois anos. “A mudança da forma como se voa no país prejudica o usuário, que para ir para uma cidade próxima como Belém paga quase mil reais. São preços altos para trechos pequenos, tem promoções com trechos a partir de R$ 89,00, mas são mais concentrados em trecho do sudeste”, disse ele.

Ainda segundo Crespo, o movimento para este ano no Aeroporto Jorge Teixeira de Oliveira será 20% menor que no ano passado. “Tivemos 933 mil pessoas passando pelo aeroporto ao longo de 2015, esse ano devido ao agravamento da crise vamos ter um fluxo 20% menor”, afirmou.

Para o superintendente, o mês de férias também não trará um aumento no movimento. “não estamos vendo até o momento um aumento na venda de passagens para o meio do ano, o movimento deve sofrer uma queda. Até que a população volte a ser incentivada ao consumo as empresas vão amargar muitos prejuízos com já estamos vendo ao longo dos anos”, finalizou. 

Turismo estadual

Segundo a Superintendência de Turismo de Rondônia (Setur), a redução nos voos no estado se deve a questões políticas, principalmente ao aumento da alíquota do querosene, combustível utilizado em aeronaves. 

Ainda de acordo com a Setur, o turismo para regiões como Ouro Preto do Oeste e Cacoal se deve a facilidade de acesso, que se dá pela BR-364. A Setur não dispõe de dados sobre o turismo em Rondônia por não possuir um setor de estatística. 

No ano de 2010 o executivo estadual editou uma lei que foi aprovada pelo Legislativo, concedendo o benefício de redução na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) para o Querosene de Aviação  (QAV). A lei foi suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), após o Ministério Publico de Rondônia (MP-RO) impetrar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), alegando que o governo não havia feito acordo com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) o que tornou a lei ineficaz por decisão do pleno do TJ em 2014.

Pior abril dos últimos três anos 

A Abear divulgou em 23 de março o resultado de abril do setor aéreo, segundo a associação no os voos domésticos no mês de abril totalizaram 6,8 milhões, o que significou uma queda de 12% em comparação ao a no anterior. Esse foi o pior resultado mensal desde fevereiro de 2013.
Já no acumulado do ano, entre os meses de janeiro e abril a demanda caiu 6,5%, a oferta também sofreu um tombo de 5,3% na comparação com 2015. No mesmo período foram transportados 29,7 bilhões de passageiros, o número apresentou um recuo de 7,3% ante o ano de 2015.

Pauta e texto: Jefferson Carvalho 
Edição: Marcela Ximenes

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