sexta-feira, 27 de junho de 2014

Alunos do 5º período de Jornalismo da Uniron produzem reportagens sobre cheia histórica do rio Madeira

A maior cheia do rio Madeira foi o tema escolhido para a pauta que 'inaugurou' o blog-laboratório do curso de Jornalismo da Uniron. A partir do tema, diversos assuntos surgiram durante as reuniões de pauta realizadas nas aulas da disciplina de Webjornalismo.

A ideia era que os alunos produzissem reportagens sobre as consequências - e possíveis causas - da enchente que atingiu parte do centro de Porto Velho. O trabalho é integrado com as disciplinas de Radiojornalismo e Fotojornalismo.

Aliar a teoria e a prática é fundamental para o processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, o aluno pode ter contato com o que será, futuramente, seu cotidiano profissional.

Foram publicados apenas os textos que seguiram os critérios estabelecidos (pirâmide invertida nível 2, apuração, fontes, contraditório, etc). A edição foi feita pela professora de Webjornalismo da Uniron, Marcela Ximenes.

Cheia provocou transtornos no trânsito de Porto Velho; estragos ainda estão nas ruas

 Motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres precisaram alterar suas rotas para desviarem dos pontos de alagamento formados no centro da capital.

Avenida Rogério Weber ficou alagada durante dois meses (Foto: Pâmela Pimenta/Focas do Madeira)

Completamente danificadas, com lixos, lama, repleta de buracos e rachaduras. Foi assim que ficaram as avenidas Almirante Barroso, José de Alencar, Tenreiro Aranha, Campos Sales, Rogério Weber, dentre outras, localizadas nos bairros que foram atingidos pela enchente histórica do rio Madeira, em Porto Velho. Sem infraestrutura adequada e sem planejamento pluvial, a capital de Rondônia viveu quase três meses de cheia. Com várias ruas interditadas, o trânsito que já era ruim, ficou caótico. 

De acordo com o secretário Municipal de Obras, Gilson Nazif Rasul, com a baixa do rio, as equipes da Semob puderam dar início a restauração das vias, desde o dia 15 de maio. “A rua Rogério Weber onde abriu um buraco e também a Tenreiro Aranha, exatamente naquela baixada ao lado do colégio Dom Bosco, que estava uma buraqueira danada, foram uma das primeiras avenidas em que as equipes trabalharam”, afirma o secretário.

Ainda de acordo com a Secretaria de Obras (Semob), restaurar as ruas atingidas não é tarefa fácil, exige tempo e perícia. “A questão não é somente as águas baixarem e chegar ao asfalto, elas devem baixar, atingir o asfalto para que a parte debaixo também seque, e isto é o mais importante”.


Lixo jogado pela população e trazido pela enchente ocupa ruas do centro de Porto Velho (Foto: Pâmela Pimenta/Focas do Madeira)
A baixa do rio também deu trabalho às equipes da Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb), que intensificaram a limpeza na área central da cidade, retirando os entulhos e as sujeiras trazidos pela enchente. Segundo o secretário da Semusb, todo o trabalho é feito conforme o escoamento das águas.

Prejuízos
Apesar dos esforços da prefeitura, os transtornos no tráfego de veículos, causados pelos desvios das avenidas atingidas pela cheia, deixaram a população porto-velhense indignada e irritada. Com pontos de acesso, como a avenida Campos Sales, que liga a zona sul ao centro da cidade, alagada e interditada, o retrato que se viu foram longas fileiras de carros parados no trânsito congestionado.

A circulação de carros, ônibus, caminhões e motos pela cidade, principalmente em horários de pico, era uma completa confusão. Além disso, o caminho de casa ao trabalho e vice-versa ficou mais longo e caro. “Todos os dias, eu chegava atrasado ao meu trabalho. Saía de casa adiantado uma hora, mas, mesmo assim, me atrasava. Ficava preso neste trânsito infernal, os atalhos que eu fazia estavam todos alagados”, conta o motorista Johnnys Silva.


Ônibus trafega na contramão para evitar buracos, na avenida Rogério Weber (Foto: Pâmela Pimenta/Focas do Madeira)

Eliandre de Souza Ramos, professora de geografia, disse que aumentou o gasto com combustível. Segundo ela, a enchente trouxe muitos prejuízos financeiros. “Com as ruas interditadas, o jeito era fazer outro trajeto longo e mais caro pro meu bolso. Gastava muito dinheiro com gasolina”, frisa a professora.

Cheia histórica
Segundo a Defesa Civil, a cheia deste ano é considerada a maior já registrada na história do estado de Rondônia. A enchente que atingiu o pico histórico no dia 30 de março, com 19,70 metros, deixou cerca de 30 mil desabrigados, por mais de 90 dias. Devido à situação crítica, foi decretado estado de calamidade pública no município e no estado. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, foram destinados no começo do mês de abril, mais de R$ 7 milhões para ajudar nas ações emergenciais dos atingidos pela cheia.

Saiba mais:

Reconstrução de áreas atingidas pela cheia do Madeira deve custar mais de R$ 5 bilhões, segundo o governo de Rondônia


Pauta e texto: Pâmela Pimenta
Edição: Marcela Ximenes

Reconstrução de áreas atingidas pela cheia do Madeira deve custar mais de R$ 5 bilhões, segundo o governo de Rondônia

Comércios e órgãos públicos localizados próximos ao rio foram atingidos. Não há previsão de quando tudo será reconstruído.

A Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão de Rondônia (Sepog) classificou as principais áreas atingidas pela cheia do rio Madeira e os prejuízos gerados. Segundo o secretário da Sepog, Georg Braga, os gastos em materiais danificados ou destruídos, que incluem instituições públicas de saúde, ensino e de uso comunitário, estão estimados em R$ 815 milhões.  "Neste valor, está inserido o total de 4.448 habitações e 166 órgãos públicos como, escolas e postos de saúde. Já os prejuízos econômicos públicos, que incluem a suspensão das aulas, assistência médica, entre outros, estão estimados em R$ 640 milhões. Na economia que podemos incluir a agricultura, pecuária, indústria, serviços, entre outros, estão estimados em R$ 920 milhões", explica.

No dia 28 de março, o rio Madeira, em Porto Velho, atingiu a cota de 19,68 metros, ultrapassando mais de dois metros a marca recorde da maior cheia, há 17 anos. Quase cinco mil famílias foram diretamente afetadas e precisaram deixar suas casas, segundo a Defesa Civil Estadual.

O Plano Integrado de Reconstrução e Prevenção de Desastres no Estado ainda está sendo montado, através de metodologia específica para cada área, em parceria com órgãos de esferas municipal, estadual, federal e organizações privadas, com o objetivo de evitar prejuízos, causados por uma próxima cheia.


Faixa no prédio da Receita Federal em Porto Velho, informando o novo endereço de atendimento. (Foto: Beatriz Maciel/Focas do Madeira)


Órgãos Públicos
Entre os principais órgãos afetados pela cheia do rio Madeira, em Porto Velho, estão: Receita Federal, Tribunal Regional Eleitoral, Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do estado (Idaron) e Justiça Federal.

A Justiça Federal foi o único órgão atingido que não desocupou o prédio. Para isso, algumas medidas como a construção de barreiras, para evitar que o prédio fosse atingido pela água foram realizadas.  Além disso, a carga horária dos servidores diminuiu. O nível do rio está voltando ao normal e os reparos no prédio já iniciaram. Os atendimentos continuam normalmente.

A Agência Idaron que funcionava há mais de dez anos na Avenida Presidente Dutra, no bairro Baixa União, foi transferido provisoriamente para o Bairro Pedrinhas. A previsão é que nos próximos meses, a sede administrativa seja levada para o Palácio Rio Madeira.  
O Tribunal Regional Eleitoral também passou a funcionar no Palácio Rio Madeira. O antigo prédio foi inspecionado, mas o laudo ainda não foi divulgado, para saber se os servidores podem voltar a trabalhar no local.

A Delegacia da Receita Federal em Porto Velho chegou a passar quase duas semanas com atendimento ao público paralisado. Os atendimentos foram transferidos para o andar térreo do prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na rua Campos Sales.  Segundo o delegado da Receita, Claudiney Cubeiro dos Santos, não há previsão de retorno para a sede do órgão.

Dona de restaurante recém-reformado terá que fazer novo empréstimo para recuperar imóvel alagado (Foto: Beatriz Maciel/Focas do Madeira)
Comércio
De acordo com dados da Federação do Comércio (Fecomércio) de Rondônia,  62% dos comerciantes atingidos pela cheia do Madeira são de Porto Velho.  "Os mais atingidos são os pequenos comércios da capital, distritos e alguns estabelecimentos dos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Além de empresários do Vale do Guaporé.  Estimamos R$ 3,5 bilhões em prejuízos”, afirma o superintendente da Fecomércio, Rubens Nascimento.

A microempresária Eva Andrade trabalha há 17 anos no ramo de alimentação no bairro Baixa da União. Conta um mês "Gastei R$ 4 mil reformando o restaurante, até agora não terminei de pagar as parcelas do empréstimo. E agora, vou ter que fazer outro, para pagar a nova reforma". O restaurante de Eva já voltou a funcionar, mas os prejuízos ultrapassam R$ 10 mil, segundo a comerciante.



Texto e pauta: Beatriz Maciel
Edição: Marcela Ximenes

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Cães e gatos são resgatados durante cheia; associação precisa de ajuda para manter ações

Famílias atingidas deixaram para trás animais de estimação, alguns foram resgatados pela Associação Amigos de Patas.

Os animais domésticos também foram afetados pela enchente causada pela elevação do nível do Rio MadeiraAna Paula Venâncio, moradora do bairro Mocambo que teve sua casa atingida pela alagação, conta que passou por grandes dificuldades na hora de resgatar seus animais. “Quando começou a alagar aqui em casa, eu fiquei desnorteada porque não sabia onde deixar os gatos. Alugamos um apartamento, que foi dividido entre nove pessoas, algumas com problemas de saúde e por isso então eu fui proibida de levar os animais. Então não sabendo onde deixar, acabei deixando eles pela minha casa mesmo”, conta. 

Ana relata também que quando teve de deixar os animais para trás, muitos ficaram doentes e tiveram início de depressão. “Foi complicado, eu levei só um, o Juca, e ele e todos os outros tiveram depressão, todos perderam os pelos, não queriam comer, vomitavam, tiveram diarreia, passaram muito mal. Hoje eu estou sem nenhum animal de estimação, mas espero voltar a ter”, comenta.

Cachorrinho meio ao dano causado pela enchente na E.F.M.M. (Foto: Allonnso Prudente/ Focas do Madeira)
Com o intuito de diminuir a tristeza das famílias e seus bichinhos, a Associação Protetora dos Animais Desamparados – Amigos de Patas tem realizado um trabalho mais intensivo desde fevereiro, quando o nível do rio Madeira começou a subir. 

A associação, que não tem fins lucrativos e vive de doações da população e parcerias, está recolhendo os animais abandonados e levando-os para a sua sede, onde cuidam de centenas de animais, sendo eles gatos e cachorros. Clotilde Brito, responsável pela ONG, conta que foram resgatados mais de 200 animais durante as alagações que devastaram parte da região central da cidade. Há cães e gatos recolhidos na cidade de Porto Velho e nos distritos de São Carlos e Nazaré.

Na associação, criada em 2009, os animais são tratados, alimentados, vermifugados e em seguida disponibilizados para adoção. Atualmente, a associação conta com um grupo de 10 pessoas, além de parcerias com clínicas veterinárias, voluntários que ajudam na arrecadação de alimento, na limpeza dos abrigos e no recolhimento dos animais que se encontram nas ruas.

Recentemente, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), através de um termo de convênio, repassará cerca de R$ 90 mil para a associação. O repasse vai cobrir gastos com a compra de ração, medicamentos e vacinas para cães e gatos . Esse foi o primeiro projeto voltado para os cuidados de animais abandonados no estado de Rondônia e, além da parceria com a Semusa, que visa evitar o sacrifício de animais, foi também proibida a eutanásia em animais considerados saudáveis ou com perspectivas de recuperação de saúde, com a intenção de que a instituição seja contactada e faça o resgate dos animais para que eles sejam devidamente tratados e encaminhados à adoção.

A associação Amigos de Patas, esporadicamente, realiza feiras de adoção dos animais que são recolhidos e tratados por eles. Os interessados em realizar a adoção ou fazer doações, podem comparecer a uma feira ou entrar em contato por meio dos telefones (69) 9982-2772 ou (69) 9954-4940.


Sobre a Cheia
A cheia histórica do Rio Madeira – um dos principais afluentes do Rio Amazonas, tendo sua nascente denominada Rio Beni, localizada na Cordilheira dos Andes – afetou aproximadamente 30 mil pessoas em Rondônia. Estendendo-se pelos meses de fevereiro, março e abril, afetou municípios de Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Porto Velho.

Sem moradia, as famílias se viram obrigadas a se recolherem em alojamentos cedidos pela prefeitura feitos de barracas de lonas que se assemelham ao padrão utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países onde há grande nível de feridos em guerra ou doentes infectados em países com pouca salubridade. Outras se abrigaram em igrejas, instituições e em escolas municipais e estaduais, alterando assim o calendário escolar e causando um transtorno aos alunos e familiares.

Sabia mais:

Famílias atingidas pela cheia do Madeira seguem destinos diferentes após a baixa do nível do rio

Reconstrução de áreas atingidas pela cheia do Madeira deve custar mais de R$ 5 bilhões, segundo o governo de Rondônia

Pauta e texto: Allonnso Prudente
Edição: Marcela Ximenes 

TRE avalia compra de novo prédio, após sede ter ficado embaixo d'água durante cheia do Madeira


Com os portões trancados, serviços do TRE continuam sem previsão de retorno à sede original (Lílian Oliveira/Focas do Madeira)





























Compra de novo prédio seria viável, pois os gastos com reforma e adequações da antiga sede alcançariam o valor de um prédio novo, segundo a presidência do órgão.


O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Rondônia está funcionando no Complexo Rio Madeira, na Avenida Farquhar, no bairro Pedrinhas. A sede do órgão, localizada na Avenida Rogério Weber, foi tomada pelas águas por conta da cheia histórica do Rio Madeira, que chegou a marca dos 19,74 metros. 

Com os prejuízos causados pela cheia, o órgão não tem previsão de retorno para a sede original. Prevendo o impacto que a água causaria no prédio, em 14 de fevereiro de 2014, servidores do TRE iniciaram a retirada dos equipamentos que estavam no local. 

O TRE pretendia voltar à sede original em 15 de maio, mas isto não ocorreu porque a unidade está danificada. Em coletiva de imprensa realizada no dia 28 de maio, o presidente do TRE, desembargador Moreira Chagas, falou de como pretende conduzir a recuperação e o retorno da Corte Eleitoral para o local.

O retorno à antiga sede só será definido após a perícia técnica que já está em processo de contratação, com apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia na indicação de empresas especializadas no assunto.


Novo prédio
O desembargador Moreira Chagas considerou a possibilidade da compra de um novo prédio, pois ela representa a opção mais econômica e prática para o TRE, já que as instalações atingidas pela enchente, mesmo que ofereçam condições para voltar a funcionar, terão que passar por uma reforma. 

A assessoria do TRE informou que essa opção é viável, pois se o órgão tiver que gastar com uma sede provisória, as despesas com reforma, aluguel e adaptações chegariam ao valor de um prédio em região alta e segura em relação às instalações atingidas pela enchente.

Cheia histórica
A cheia histórica do Rio Madeira iniciou em dezembro de 2013 e o ápice ocorreu em março de 2014 com a média oficial de 19,70 metros. A cheia mudou a rotina de Porto Velho e outras localidades, como os distritos de Nazaré e São Carlos, totalmente inundados. De acordo com a Defesa Civil, cerca de 25 mil famílias ficaram desabrigadas e tiveram que ser realojadas em abrigos improvisados.

Pauta e texto: Lílian Oliveira
Edição: Marcela Ximenes

Cheia do Madeira mobiliza população de Porto Velho; doações reduziram após baixa do rio

Com cerca de 30 mil atingidos a solidariedade não teve limites. Houve doações de cestas básicas de outros estados para os desabrigados.

Rio Madeira invade E.F.M.M ( foto: Mayara Leoni/Focas do Madeira)

A cheia histórica do Rio Madeira atingiu cerca de 30 mil pessoas em Rondônia. Com o elevado número de vítimas, a população se mobilizou durante o período da enchente em prol dos desabrigados. Várias secretarias e órgãos públicos trabalharam para arrecadação de donativos de aproximadamente cinco mil famílias cadastradas. Empresas locais e também pessoas de outros estados colaboraram. Igrejas como a Paróquia São João Bosco obteve êxito em solidariedade, conseguiram arrecadar mais de 70 toneladas em doações.
 
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) teve participação na mobilização de resgates e atendimentos urgentes aos desabrigados.Com o grande numero de doações, o efetivo aumentou e a Defesa Civil contou com a colaboração de voluntários, um deles foi a Cruz Vermelha Nacional (CVN), que está presente em todos os locais onde há desastres naturais. O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel José Pimentel, enfatizou  que  a pretensão era de mobilizar assistentes sociais do Brasil, caso houvesse necessidade, para organizar meios para arrecadação de cestas básicas aos desabrigados.

Além de órgãos públicos, privados e instituições religiosas, diversas organizações sociais participaram do movimento de solidariedade. A Embaixada São Paulina de Rondônia participou durante três semanas da entrega de cestas e colaborou com a mudança de algumas famílias para abrigos. “É muito gratificante ajudar as pessoas”, disse o diretor da Embaixada São Paulina, Daniel Friedrich.
Donativos Paróquia São João Bosco (Foto: Mayara Leoni/Focas do Madeira)
Doações diminuem 
Com a vazante do rio e a situação de pós-enchente, as doações diminuíram, segundo a assistente social da Defesa Civil Auricelia Cavalcante. A cada 20 dias é preciso entregar cinco mil cestas para famílias cadastradas , mas com a diminuição de doações ainda existem famílias que não estão recebendo auxilio.

É o caso de Elica de Souza, que está há  quase três meses abrigada na sede da União do Vegetal . “A Defesa Civil veio uma vez aqui fazer o cadastro, da outra vez trouxeram umas cestas e depois eles sumiram”, conta Elica. Ela morava na estrada do Belmont e não sabe se voltará para casa.

Segundo Auricelia Cavalcante eles saíram por conta própria e a igreja acolheu . “Quando a igreja veio aqui eles disseram que iam arcar com tudo, o tempo que fosse necessário , mas a gente fica mandando as coisas pra lá”, afirma.

Campanhas
A campanha “SOS Desabrigados” foi criada no dia 12 de fevereiro de 2014 com intuito de arrecadar donativos aos atingidos pela cheia. Uma campanha da Prefeitura de Porto Velho, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) , surtiu efeito e várias empresas se solidarizaram com a iniciativa.
Instituições privadas também se mobilizaram.

Donativos TV Candelária (Foto: Mayara Leoni/Focas do Madeira)
O grupo Sistema Imagem e Comunicação (SIC) TV Candelária com a campanha "Estenda a Mão Você Também" surtiu efeito e logo fizeram um trabalho junto à Defesa Civil . O número de donativos foi maior  que o esperado, porém a empresa não soube dizer a quantidade exata, a campanha de arrecadação tomou grandes proporções. "Tivemos o apoio absoluto dos colaboradores, todo mundo vestiu a camisa e foi muito legal o resultado”, disse o diretor de produção e eventos Adilson Honorato.

A Paróquia São João Bosco teve um papel importante nessa coleta, desde o dia 13 de fevereiro eles abrigam 12 famílias na sede. O padre Miguel Fernandes Ramos de Moura, que coordena os donativos da igreja, disse que, além ajudar as famílias alojadas, fazem a distribuição de cestas básicas à outras famílias. Já realizaram doações a  500 famílias que não estão em abrigos oficiais e aos realojados no Parque dos Tanques.


A cheia Histórica do Rio Madeira obteve êxito em solidariedade, foram mais de 70 toneladas arrecadados apenas para igreja, vieram R$ 72 mil em cestas básicas da cidade de Mariana (MG), R$ 10 mil de Duque de Caxias (RJ)  R$ 5 mil de Brasília (DF) e 500 cestas básicas de Cuiabá (MT).
Pier da Praça E.F.M.M inundado pelo Rio Madeira ( foto: Mayara Leoni/Focas do Madeira)

Saiba Mais:

Cheia provocou transtornos no trânsito de Porto Velho; estragos ainda estão nas ruas



Pauta e texto:  Mayara Leoni
Edição: Marcela Ximenes

Restaurante Popular tem equipamentos destruídos pela cheia; prefeitura não retirou a tempo

Prefeitura afirmou, em fevereiro, que todos equipamentos havia sido retirados do restaurante. Ministério Público investiga.


Equipamentos deixados no local (Foto: Itamar Carvalho/Focas do Madeira)
As dois anos de funcionamento, o Restaurante Popular de Porto Velho teve seu funcionamento suspenso devido a cheia do rio Madeira. Localizado a a cerca de 200 metros do rio, o restaurante, que servia refeições a R$ 4,49, foi invadido pela enchente e grande parte dos equipamentos ficaram inutilizáveis. 


"Só não foram retirados os materiais que realmente não tem como serem removidos que é o caso das mesas e cadeiras que são fixadas no piso do restaurante, o restante foi muito bem guardado e cuidado”, disse a secretária adjunta de Assistência Social, Arthelúcia Amaral.

Luís Chaves lamenta a situação do restaurante (Foto: Itamar Carvalho/Focas do Madeira)
Dias após o recuo do nível do rio, o local continua abandonado, servindo de hospedagem para larvas de mosquitos da dengue, e até mesmo ponto de encontro de usuários de drogas.

Luis Chaves se diz indignado com a atual situação do restaurante, que atendia centenas de trabalhadores diariamente.  "Eu gostava de almoçar aqui, a comida era boa”, comenta o morador do bairro Triângulo. 


Caixa d'água quase foi furtada (Foto: Itamar Carvalho/Focas do Madeira)
Risco de furtos
De acordo com moradores próximos ao restaurante, houve a tentativa de roubo da caixa d'água que abastecia o restaurante. O furto não ocorreu porque o equipamento caiu e provocou a fuga dos criminosos. 

O Ministério Público e o Tribunal de Contas estão apurando porque a prefeitura de Porto Velho deixou os equipamentos serem perdidos na cheia, sendo que a Secretaria de Ação Social havia sido notificada inúmeras vezes para esvaziar o local.

Calendário do carnaval sofre alteração devido a cheia do rio Madeira e será realizado em julho

Desfile de blocos de carnaval está programado para julho. As escolas de samba de Porto Velho não entrarão na avenida por falta de verbas. 


O carnaval de rua de Porto Velho foi adiado por conta da cheia histórica do rio Madeira que atingiu a marca de 19,74, em abril deste ano . A decisão ocorreu durante uma reunião com a União dos Blocos de Rua (Uniblocos), a Federação das Escolas de Samba (Fesec) e representantes dos blocos carnavalescos e das escolas de samba juntamente com a ex-presidente da Fundação Cultural Jória Baptista e o prefeito da capital, Mauro Nazif.

Durante o encontro, o prefeito Mauro Nazif justificou a suspensão afirmando que não poderia oferecer o suporte necessário para a realização do evento pelo fato de os setores Civis, Militares e Ambientais estariam comprometidos em oferecer apoio aos atingidos pela enchente, bem como a Secretaria Municipal de Trânsito e os Corpos de Bombeiros para o resgate das famílias. Antes dessa decisão, os blocos Areal Folia, Furacão da Zona Sul e Axé Folia já haviam desfilado.

Segundo o presidente da Uniblocos, Benjamim Mourão, os blocos tiveram prejuízos consideráveis com contratos de banda e segurança e nas confecções de camisa. As escolas de samba também afirmam a existência de prejuízos devido à suspensão, inclusive, nos contratos com patrocinadores.

A Funcultural marcou uma nova data para ocorrer o carnaval que será durante a Copa do Mundo, a partir do dia 2 de julho.


Banda vai sair

Desfile da Banda do Vai Quem Quer
(Foto: CassiRondônia)
Os representantes da Banda do Vai Quem Quer entraram com um mandado de segurança pedindo autorização da Justiça para desfilar no sábado de carnaval, porém, na mesma época o Ministério Público Estadual em Rondônia ingressou com uma ação civil impedido a autorização da medida e o pedido negado.

“A decisão foi bem ruim, complicada, embora compreensível. Entendemos a situação e por isso não nos desanimamos”, afirma 
 a presidente da Banda do Vai Quem Quer, Siça Andrade. O desfile da Banda está confirmado para o dia 5 de julho.


Avenida vazia

Avenida Migrantes onde ocorrem os desfiles das escolas de samba
(Foto: Manu Pontes/Focas do Madeira)
Pela falta de recursos, os desfiles das escolas de samba foram cancelados. Os recursos oferecidos pela Funcultural eram insuficientes para realizar a apresentação, segundo a Fesec. Foram disponibilizados para cada escola cerca de R$ 42 mil.

O presidente da Fesec, Antônio Cabeleira, relata a falta de apoio que teve do município e do governo. “É difícil fazer cultura nesse lugar”, reclama.

Antônio Cabeleira afirma não pensar mais no desfile de carnaval. A previsão é de as escolas se apresentarem no dia 2 de outubro no evento do centenário de Porto Velho. Mas ainda não há nada confirmado.

Além dos contratos cancelados com patrocinadores, as escolas de samba tiveram prejuízos com materiais comprados que agora ficarão no depósito para ser usado no centenário ou para o carnaval de 2015.

“É triste pra nós sambistas vermos nossos brincantes chorar, diretores chateados. Eles constroem pensando que o evento será realizado e se decepciona ao ver que não acontece, gostaria de ter apresentado um grande espetáculo, infelizmente, a natureza não deixou”, finaliza.



Pauta e texto: Manu Pontes
Edição: Marcela Ximenes

Leptospirose mata quatro pessoas em consequência da enchente em Porto Velho

Águas contaminadas provocam diversas doenças, como a leptospirose, que é transmitida pela urina de ratos. Secretaria de Saúde alerta para cuidados que devem ser tomados.


Rua Rogério Weber, no centro de Porto Velho, ficou embaixo d'água ( foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

A cheia do rio Madeira provocou, além do desabrigamento de famílias e prejuízos no comércio, diversos casos de doenças ocasionadas pelas águas contaminadas da enchente. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de Porto Velho, de janeiro a maio deste ano, foram notificados 230 casos de leptospirose, sendo que 52 foram confirmados - destes, quatro pacientes morreram. A leptospirose é transmitida pela urina de ratos.

Além de leptospirose, a Semusa registrou, de janeiro a abril, 1.071 casos de malária na capital, 300 casos de doença diarreica aguda e 257 de dengue, sendo que foram confirmados 28 casos da doença.

Moradores de Porto Velho e distritos foram castigados com uma enchente considerada uma das mais fortes em toda história da Capital, que obrigou os moradores a saírem de suas residências, ficando em abrigos improvisados pela prefeitura de Porto Velho. Régia Martins, mestre em vigilância sanitária da Semusa, falou das doenças e seus agravos que estão ligados diretamente as águas contaminadas, quais os cuidados que os moradores devem tomar ao retornar para suas residências.


Moradores têm contato com água contaminada (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

Leptospirose
Doença infecciosa causada por uma bactéria de nome leptospira presente principalmente nas urinas de ratos, transmitida ao homem principalmente nas enchentes, alguns animais domésticos como cães, podem se contaminar e transmitir a doença para os moradores. A doença penetra facilmente no corpo principalmente se houver ferimentos. Os principais sintomas da doença são: febres, dores no corpo, indisposição e principalmente dores nas pernas.

Diarreia
O contato com alimentos ou água contaminada, como a da enchente, pode apresentar doenças diarreicas. Os principais sintomas são: evacuação frequentes, vômitos e dores abdominais.


Água contaminada provoca diversas doenças (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)


Dengue
A transmissão é feita por um vetor, o mosquito Aedes aegypti, aparentemente inofensivo de cor preta e listras brancas no corpo e pernas. Os principais sintomas são: dores de cabeça, dor no corpo, dores musculares, dor nos olhos.

Malária
A transmissão ocorre através de um mosquito conhecido cientificamente pelo nome de Anopheles darlinge, introduzido no sistema circulatório do homem por microorganismos presentes na sua saliva. Sintoma: febre, dores de cabeça, dor no corpo, indisposição, em casos mais graves podem progredir para o coma ou morte.

Hepatites A e E
A transmissão ocorre através da água, alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra. Sintomas: febre, pele e olhos amarelados, náusea, vômitos mal-estar e dores abdominais.
Lama pode ser foco de transmissão de doenças (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

A enchente na cidade de Porto velho no ano de 2014, segundo dados oficiais da Secretaria Municipal de Ação Social (Semas), deixou 338 famílias desabrigadas, que foram instaladas em abrigos improvisados pela prefeitura. Atualmente, famílias estão retornando para casa, desde que a Vigilância Sanitária faça uma vistoria e constate que não há risco de contaminação.

Saiba mais:

“Nova enchente recorde do Madeira só deve acontecer em 180 anos”, diz Sipam



Pauta e texto: Joéliton Menezes
Edição: Marcela Ximenes

“Nova enchente recorde do Madeira só deve acontecer em 180 anos”, diz Sipam

Segundo o órgão, cálculos permitem estimar a recorrência do fenômeno. Monitoramento do rio Madeira é feito pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

Por volta do meio dia de 30 de março de 2014, a régua da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)  para medição do nível do rio Madeira em Porto Velho, marcava 19,74m, nível considerado recorde dos últimos 50 anos. A água inundou casas, desabrigou mais de 20 mil pessoas e fez com que fosse decretado Estado de Calamidade Pública em Rondônia. O fenômeno que assustou as populações dos municípios de Nova Mamoré, Guajará-Mirim e Porto Velho deve se repetir em 180 anos, segundo o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
Réguas para leitura do nível do rio Madeira, no Porto Organizado em Porto Velho. (Foto: CPRM/Divulgação)

Os registros da elevação do rio Madeira são feitos pelo CPRM desde 1968 a partir de dois processos. De acordo Franco Buffon, engenheiro hidrólogo da companhia, o primeiro é a medição visual, feita duas vezes ao dia através de várias réguas distribuídas na margem do rio no Porto Organizado da capital.

Já o outro método é através de um radar. “Temos um radar instalado na ponte que mede a altura da lâmina d'água e registra a cada 15 minutos”, explica. Segundo Buffon, as duas medições são necessárias para ter uma maior precisão dos dados obtidos. “Às vezes a régua pode entortar por causa da força da água ou o radar pode receber interferência. Um complementa o outro”, conta o engenheiro.

Através das duas medições na régua, é calculado o nível médio que o rio atingiu durante o dia, que é o nível documentado como registro oficial. A partir daí, esses dados são compartilhados com órgãos como Defesa Civil, Delegacia Fluvial e Sipam, onde podem ser analisados em conjunto com outras informações para calcular índices de chuvas e até a probabilidade de uma nova enchente como a de 2014.

Segundo Ana Cristina Strava, chefe de operações do Sipam, a enchente em Porto Velho não deve se tornar comum e é possível estimar a recorrência desse evento. “Através de um cálculo chamada fórmula de Gumbel, podemos calcular que a recorrência desse evento é de 176,8 anos, que nós arredondamos para 180 anos. Esse não é um evento recorrente”, finaliza.

Gráfico utilizado para monitorar o nível do rio Madeira. A linha azul representa a máxima histórica. (Foto: CPRM/Divulgação)
Elevação do nível do rio
A chefe de operações explica que os altos níveis do Madeira se devem à grande quantidade de chuva nos rios que alimentam a bacia hidrográfica. “A gente consegue modelar como a chuva chega em Porto Velho quando ela cai em um determinado rio”, conta.

Mesmo quando o rio começa a secar, podem acontecer oscilações que fazem com que a água suba alguns centímetros. São os chamados 'repiquetes'. “Isso acontece quando chove nos rios mais violentos da bacia, como o Madre de Dios. Por ser um rio com muita energia, ele carrega a água com mais força e causa uma oscilação”, conta Ana.

A bacia do Madeira
Sipam monitora chuvas na bacia
 do Madeira(Foto: Marcel Rodrigues/Focas do Madeira)
A bacia é formada por rios como Beni e Mamoré, com nascentes na Bolívia; Madre de Dios, que nasce no Peru e o Guaporé, formado no em território brasileiro, no estado de Mato Grosso. O rio Madre de Dios deságua no rio Beni, e o Guaporé faz o mesmo no rio Mamoré. Os rios Mamoré e Beni se unem para então formar o Madeira. Todos os anos, o degelo na Cordilheira dos Andes e as chuvas nesses rios abastecem o leito do Madeira e causam a elevação das águas.


Enchentes anteriores
De acordo com os registros do CPRM, a última grande cheia do rio madeira foi em 1997, quando foi registada uma média diária de 17,50m. Antes disso o recorde era de 17,44m, documentado em 1984.

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Pauta e texto: Marcel Rodrigues
Edição: Marcela Ximenes