quarta-feira, 15 de junho de 2016

Porto Velho tem o segundo pior saneamento básico do país, aponta pesquisa


O Instituto Trata Brasil divulga o ranking de saneamento básico desde 2009

O que antes era um igarapé se transformou em esgoto (Foto: Maximus Vargas/Focas do Madeira)


Entre as 100 maiores cidades do país, Porto Velho está na segunda posição com o índice de pior saneamento básico, ficando atrás apenas de Ananindeua cidade do estado do Pará. O ranking de 2016 foi divulgado pelo Instituto Trata Brasil, que é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), com dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento Básico (SNIS). Esses dados são fornecidos pelas empresas que tratam da água e esgotos nos estados e municípios em todo o Brasil.

O Instituto Trata Brasil divulga o ranking de saneamento básico desde 2009, depois de ouvir as autoridade e entidades ligadas ao meio ambiente e saneamento. Segundo análises nesses dados, apenas 2% da população porto-velhense tem coleta de esgoto.O saneamento básico ainda é um problema que levará tempos para ser resolvido.

A finalidade do ranking publicado pelo Instituto Trata Brasil é mostrar a situação em que se encontra o saneamento básico em todo o país, mas também valorizar os esforços que cada cidade vem tendo para mudar a realidade local. Franca (SP), Londrina (PR) e Uberlândia (MG) são as cidades com o melhor desempenho de saneamento básico. Já Ananindeua(PA) e Porto Velho estão com as posições de piores cidades a respeito de saneamento básico.

Melhores e Piores indicadores em população com coletas de esgoto 

Tabela com as piores e melhores cidades no ranking de saneamento básico do Brasil
(Tabela: Maximus Vargas/Focas do Madeira)

Em 14 de maio de 2015, foi firmado um pacto entre governo Federal e o Governo do estado de Rondônia para melhorar o índice do saneamento em Porto Velho. A expectativa era de que 40% da população seria atendida com rede de esgoto sanitário, a partir de investimentos que poderiam chegar a R$ 700 milhões.

Conforme o pacto,  quando pronta, a Estação de Tratamento de Esgoto da Zona Sul de Porto Velho (ETE Sul) atenderá 200 mil moradores em 40 bairros – São, Triângulo, Areia Branca, Novo Horizonte, Cidade Nova, Cidade do Lobo, Conceição, Caladinho, Cohab, Castanheira, Aeroclube, Eletronorte, Militar, Conjunto Residencial Cujubim, Tupi, Nova Floresta, Tucumanzal, Areal, Roque, Mato Grosso, Jatuarana, Floresta, Eldorado, Conjunto Rio de Janeiro 1, 2 e 3, Agenor de Carvalho, Conjunto Residencial Porto Seguro, Lagoa, Conjunto Residencial Vila Bella, Conjunto Jamary, Três Marias, Tiradentes, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Castanheira, Socialista, São Francisco, Cidade Jardim, Mariana, Ulisses Guimarães, Marcos Freire e Ronaldo Aragão.

Mapa dos bairros que serão beneficiados com tratamentos de esgoto ETE SUL em Porto Velho
(Foto: Maximus Vargas/Focas do Madeira)

A Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) disse que o tratamento de esgoto assim como construção de bueiros está sobre responsabilidade da Prefeitura de Porto Velho. Já a Secretaria Municipal de Obras (Semob) fala que a implantação e manutenção de rede de esgoto, e os respectivos recursos para serviços, são de responsabilidades do Governo do Estado, que fica sobre responsabilidade da Caerd.

Sem saber de quem realmente é a competência sobre o saneamento na capital, a população segue sendo prejudicada. Dona Ivone Pereira de Souza mora há mais de 20 anos no bairro Esperança da Comunidade conta que quando se mudou para o bairro, os atuais bueiros eram igarapés e serviam de lazer para seus filhos. A água do local a dona de casa usava para lavar roupas e louças.

“Hoje não presta para nada isso tudo ai, o cheiro é insuportável, já vieram aqui e disseram que vão tampar até ali em baixo (apontando para o córrego), mas nunca mais vieram. Quando passamos ali na esquina dá para sentir o cheiro. O que a gente espera é que apenas volte a passar a fumaça aqui, por que desse jeito tem muito mosquito aqui”, diz, meio sem esperança, dona Ivone.

Não só nos bairros periféricos de Porto Velho, mas também no centro o tratamento de esgoto não acontece. Segundo o empresário Rennan Batista, “quase nunca" a prefeitura faz o serviço de limpeza dos bueiros. "Muitas vezes eu mesmo faço por conta própria, para que os usuários de drogas não fiquem ai nessa moita. Não sei como tirar esse cheiro de podre que fica ai”, reclama Rennan.



Pauta e Texto: Maximus Vargas
Edição: Marcela Ximenes

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