segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Reitora da Universidade Federal de Rondônia fala sobre políticas sociais e gestão pública


Reitora da Unir, Berenice Tourinho (Foto: Ascom/Unir)
Nascida em Manaus, no Amazonas, Maria Berenice Alho da Costa Tourinho é filha de pai amazonense e mãe paraense. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mestre em Serviço Social e doutora em Psicologia Social e do Trabalho, hoje é reitora da Universidade Federal de Rondônia (Unir).

Berenice também é docente e pesquisadora permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Administração da Fundação Universidade Federal de Rondônia; e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior. Em suas linhas de pesquisa, atua em projetos relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes e tipologias de pobreza.

Quando do ingresso como docente no ensino superior público há 25 anos, Berenice Tourinho expõe que sonhava em agregar algo de valor sociocultural para a sociedade e ainda acredita que é possível construir um novo mundo através da educação de qualidade e que, educando os adultos, atinge-se de maneira progressiva os mais novos.

Enquanto docente na Unir, teve no ano de 1999 a oportunidade de realizar um doutorado na Universidad de La Habana, em Cuba e, com um grupo de cerca de seis professores, não hesitou em aceitar o desafio. A reitora evidencia que a chance de fazer o doutorado em outro país foi extraordinária, causando um crescimento pessoal e profissional, pois, quando se estuda no Brasil, tem-se um sistema político idealizado da educação superior no exterior e poder participar de perto é de um valor inestimável.

Moldada pelos fundamentos da sociologia, a pesquisadora tem como ideologia criar uma sociedade mais inclusiva e igualitária em aspectos como a educação, saúde, cultura e segurança, em contraposição à persistência de desvios ou irregularidades nos direitos e deveres que cada membro tem em uma sociedade, e que, cria-se espaço para a dessemelhança social atuando na estrutura que rege a nossa sociedade através de uma educação de qualidade.

Com o bordão Bere is Nice (inglês para Bere é Legal), torna-se a primeira mulher a assumir o cargo de reitora da Unir, sendo eleita no ano de 2012 com mais da metade dos votos pela comunidade acadêmica, corpo de docentes e servidores da instituição presentes nos oito campi da universidade.


Quando questionada se sofreu algum tipo de discriminação ou desrespeito por ser mulher e estar à frente de um cargo de chefia, a docente diz que nunca se sentiu menosprezada ou foi tratada com falta de respeito. Acredita que um dos principais fatores que contribuíram para essa forma de tratamento ter sido sempre de maneira igualitária foi o fato de mulheres terem sempre sido a maioria no ensino, tanto como docentes e discentes, quanto em posições de alto cargo. Aproveita e, de forma descontraída, diz que em alguns anos, mesmo com a diferença salarial que existe entre os sexos, as mulheres estarão cada vez mais à frente de cargos hierarquicamente superiores no Brasil e no mundo.

Pauta e texto: Allonnso Prudente (6º período)
Edição: Marcela Ximenes

sábado, 6 de dezembro de 2014

Profissionais da saúde de Rondônia se preparam para atender possíveis infectados com vírus ebola

Em Porto Velho, Samu possui uma ambulância equipada para atender casos suspeitos. Profissionais receberam treinamento.

Simulação do avião com possível vítima do ebola (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)
O vírus ebola foi registrado em 1976, na região da África principalmente em, Guiné, Serra Leoa e Libéria. A principal fonte de contaminação dos humanos é através do contato com animais que podem transmitir a doença como o morcego que não desenvolve a doença, mas que consegue transmitir. Outra forma de contaminação é através de pessoas que tiveram o contato prévio ou se alimentaram da carne de alguns animais contaminados com o vírus.

O médico João Gustavo Rodrigues, responsável pela Comissão de Suporte e Investigação nos casos suspeitos do vírus ebola no estado de Rondônia, fala que os sintomas da doença podem começar semelhante a uma gripe, como dor de cabeça, coriza, dores musculares, cansaço e até um quadro de hemorragia interna do terceiro ao quinto dia, e principalmente necrose nos órgãos internos como pâncreas, fígados e baço, e a pessoa morre por sangramento.


A principal porta de entrada em Porto Velho de possíveis contaminados seria pelo Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, em Porto Velho, onde desembarcam milhares de pessoas todos os dias. O encarregado de SGSO (Sistema de Gerenciamento e Segurança Operacional) e representante do Comitê de Prevenção do Ebola em Porto Velho, Juscelino Moraes, relata que foi criado um plano de contingência do aeroporto para combater possíveis casos da doença.

Simulação Retirada do paciente suspeito de ebola (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

Juscelino afirma que se houver um passageiro suspeito dentro do avião o comandante da aeronave aciona a torre de controle, que por sua vez acionará a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),responsável pelo isolamento do paciente. Nenhum passageiro poderá descer da aeronave até autorização da Anvisa do aeroporto, nenhum veículo deverá se aproximar e o atendimento de rampa irá apenas sinalizar a aeronave, colocará a escada e aguardará a orientação do comandante. A Anvisa ao ser acionada deverá imediatamente acionar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) informando sobre passageiro suspeito da doença.

No dia 10 de outubro, a equipe do Samu passou por um treinamento no aeroporto de Porto Velho para possíveis casos da doença na capital. Na ocasião, os profissionais realizaram simulados na retirada dos pacientes dentro da aeronave para ambulância de resgate.

Possível atendimento
O médico João Gustavo afirma que a equipe do Samu deverá se deslocar para o aeroporto com ambulância devidamente preparada para o atendimento específico de suspeito do vírus ebola e avaliar o caso. Se constatada a suspeita, o paciente deve ser transportado para o Cemetron (Centro de Medicina Tropical de Rondônia) e de imediato o paciente e levado ao setor de isolamento e faz a princípio um exame diferencial de malária pelo fato da sintomatologia ser semelhante. 

O Cemetron não faz o exame do vírus ebola, será feita a coleta de sangue e encaminhada ao hospital de referência no Rio de Janeiro ou Pará, em menos de 24 horas o resultado do exame será conhecido. Sendo diagnosticado com o vírus, o paciente será transportado por uma equipe específica do Ministério da saúde aos hospitais de referência. Para o profissional a melhor forma de prevenção é a informação e conhecimento sobre a o vírus.


Ambulância e profissional devidamente equipados (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

Após a contaminação, o indivíduo tem um período de incubação da doença leva de 3 a 21 dias para aparecerem os primeiros sintomas, importante salientar que a transmissão só acontece quando os sinais se manifestam, ou seja, no período de incubação não acontece transmissão do vírus.


Pauta e texto: Joéliton Menezes
Edição: Marcela Ximenes

Maria de Jesus enfrentou várias dificuldades para chegara realização profissional


Maria de Jesus é professora
(Foto: Ananda Carvalho/Focas do Madeira)
Maria de Jesus Rodrigues de Almeida nasceu em Vitorino Freire, cidade localizada no interior do Maranhão. Hoje tem cinco filhos e nove netos. 
Aos seis anos de idade, Maria foi doada para parentes pela mãe, Terezinha de Jesus, que não tinha condições financeiras de manter os oito filhos. 

A menina estudou e na adolescência fez o magistério. 
Alguns anos depois formou-se em Pedagogia. No decorrer de toda a sua vida nunca exerceu outra profissão. Sempre se dedicou a educação. Depois de formada chegou a se interessar pela psicologia e pela assistência social, mas não teve oportunidade de fazer novos cursos.

Professora Maria conta que lecionou para várias turmas do ensino fundamental, mas nada se compara a alfabetização. "Me realizo quando vejo as crianças aprendendo a ler as primeiras palavrinhas. É algo que me emociona muito", afirma Maria.

O casamento não foi uma boa experiência para Maria, pois após ter cinco filhos vivia uma vida de sofrimento. Além da dificuldade de criar os filhos, ainda ter que suportar o marido alcoólatra que ao chegar em casa sempre a agredia. Isso a fez tomar uma séria decisão. Comprou passagens e fugiu de casa junto com os seus cinco filhos para recomeçar sua vida em Porto Velho. O falecimento de sua segunda neta Micaela também foi uma época que Maria não gosta de recordar. "Minha segunda netinha faleceu aos 4 meses de idade por causa de uma cirurgia. Não gosto de lembrar disso."

Solidária
No  bairro,  igreja, local de trabalho e em todos os locais por onde passa ou já passou Maria tem fama de ajudar as pessoas. "Eu gosto muito de servir. Ja ajudei a salvar um garoto em um acidente. Me faz bem ajudar famílias carentes. Faço isso conseguindo doações ou até mesmo tirando do meu próprio bolso."

Pauta e texto: Ananda Carvalho
Edição:  Marcela Ximenes

Rondônia tem poucos bolsistas no programa Ciências sem Fronteira; sobram vagas e faltam candidatos

São 1.341 bolsistas de Rondônia, há mais de 1,8 mil bolsas disponíveis. Bolsistas contam como é estudar no exterior.

Deusirene Rodrigues foi a primeira rondoniense bolsista do Ciência sem Fronteiras (Foto: Arquivo Pessoal)

Felipe Amaral e Deusirene Rodrigues, de Porto Velho, contam como a vida deles mudou após uma experiência em outro país. Os dois estudantes obtiveram bolsas do Ciência sem Fronteiras e, segundo Felipe, “o melhor disso é que foi tudo pago pelo Governo, a custo zero”. Ele mora em Miami e Deusirene voltou da Itália em 2013.

O programa do governo federal busca incentivar brasileiros à internacionalização da ciência e tecnologia por meio do intercâmbio. A iniciativa em conjunto dos Ministérios da Ciência e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas instituições – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) -, e secretarias de ensino superior e de Ensino Tecnológico do MEC. No total há 74.739 bolsas implementadas, o objetivo é chegar a 80 mil bolsas em 2014.

De acordo com os dados fornecidos pelo CNPq, a região Norte obteve menor numero de bolsistas, com 24.513, sendo que o número de bolsas disponibilizadas são de 40.658. Fazendo um comparativo com o estado vizinho, o Acre possui 1.643 bolsas por ano e são preenchidas com 1.371 bolsistas, já Rondônia consegue ter 1.870 bolsas disponíveis e são apenas utilizadas 1.341.


Gráfico aponta distribuição de bolsas por estados (Imagem: CNPq)

“Todos deveriam viver a experiência que vivi”, diz Deusirene Sousa Rodrigues. a primeira contemplada pelo Ciências sem fronteiras em Rondônia. Ela fez o intercâmbio em 2012/2013 na Università Degli Studi de Roma La Sapienza e afirma que a experiência foi incrível. Graduada em enfermagem, participa de um grupo de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) em parceria com a Faculdade Uniron, sob coordenação da professora Sandra Hacon junto a uma equipe de professores, mestres e doutores. O grupo avalia as condições de saúde e os níveis de Mercúrio nas populações ribeirinhas do Rio Madeira pós Usinas Hidrelétricas (UHE). Deusirene atribui essa oportunidade ao intercâmbio.

Felipe Gurgel dos Santos Amaral é estudante de engenharia civil em Porto Velho e conseguiu fazer um sonho se tornar realidade. Atualmente mora em Miami, nos Estados Unidos, foi um dos selecionados pelo programa de educação federal. Saiu dia 30 de agosto de 2014 com destino à América do Norte e foi aceito pela University of Miami onde, segundo ele, a estrutura é inigualável. “É como uma cidade com 15 mil habitantes, nesse caso, estudantes”, exemplifica. A bolsa se estende até janeiro de 2016 e após esse período o estudante volta e termina o curso na faculdade brasileira. Esse processo é chamado graduação sanduiche, em que o estudante inicia o curso no Brasil, complementa no exterior e volta ao país de origem para concluir a formação.

Processo Seletivo
O processo seletivo do programa Ciências sem fronteiras possui várias etapas e alguns requisitos básicos para uma pré-seleção. A primeira delas é obrigatória a nota do Enem ser igual ou superior a 600 pontos, considerando os testes aplicados a partir de 2009. Um outro pré-requisito é ter no mínimo 20% e no máximo 90% do curso concluído com um bom desempenho acadêmico.


Felipe Amaral (esquerda) é estudante de engenharia bolsista do programa (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Felipe Amaral o passo mais importante e difícil é o exame de proficiência em línguas estrangeiras, no caso dele foi o TOEFL ( Teste of English as a Foreign Language), teste exigido para faculdades e universidades nos Estados Unidos e Canadá. O IELTS, por exemplo, é reconhecido por universidades da Grã-Bretanha, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, o exame de Cambridge é aceito na Europa, Inglaterra.

Para outras línguas são realizadas provas como o Dele (Diplomas de Espanhol como Língua Estrangeira) para o espanhol, Dalf (Diploma Aprofundado de Língua Francesa) e Delf (Diploma de Estudos em Língua Francesa) para o Francês e KDS (Kleines Deutsches Sprachdiplom) para o Alemão.

Algumas universidades também pedem cartas de recomendação de professores, coordenadores, currículo, em que a partir dessas informações vão conhecer o candidato minuciosamente. “Capriche nessa parte, pois a universidade te escolhe a partir dela”, sugereFelipe. Com todos os requisitos do edital confirmados, o acadêmico está próximo de morar no exterior.

A inscrição é feita no site www.cienciasemfronteiras.gov.br 

Pauta e texto: Mayara Leoni (6º período)
Edição: Marcela Ximenes

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Internet para o mal: crianças e adolescentes vítimas de cyberbullying podem ficar traumatizadas

Psicóloga afirma que vítima pode ter dificuldade em relacionamentos sociais e baixo desenvolvimento escolar.

Ofensas podem deixar sequelas na vida da vítima de cyberbullying (Foto: Blog IT Perin/Reprodução)

Com a massificação de diferentes tecnologias digitais entre crianças e adolescentes, a prática de cyberbullying se tornou comum. Comunidades virtuais, mensagens instantâneas, sites de relacionamentos, redes sociais e outros meios se tornaram canais para a prática do crime. Apesar de muitos pais e educadores já reconhecem o risco da prática do bullying, poucos estão prevenidos em relação aos danos que crianças e adolescentes podem sofrer.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio John Kennedy, situada no centro de Porto Velho, a coordenadora do colégio, Alaide Lima, expõe que como medidas preventivas são realizadas palestras com pessoas que possuem propriedade no assunto, tendo como intuito conscientizar os alunos sobre a prática, as consequências para a vítima e para o agressor e maneiras de como realizar denúncias.

A educadora conta também que quando ocorrem episódios de bullying ou cyberbullying dentro do colégio e chegam ao conhecimento dos professores, é orientado que compareça à escola tanto os pais do agressor quanto da vítima, a fim de solucionar o problema e, em casos avançados, é repassado para o conselho tutelar tomar outras medidas cabíveis. Alaide orienta os professores a comunicar à diretoria da escola caso algum aluno apresente mudança de comportamento e haja suspeita que ele esteja sendo vítima de algum tipo de agressão por parte dos demais alunos.

Os efeitos e impactos causados pelo cyberbullying sobre crianças e adolescentes são tão devastadores quanto os do bullying. Paulo Roberto* é aluno do 6° ano do ensino fundamental de uma escola de Porto Velho e conta que alguns meninos de outra turma começaram a apelidá-lo de rato de esgoto e persegui-lo pelo colégio durante o recreio fazendo piadinhas com sua aparência.

Ana Paula* relata que as consequências do bullying na internet causaram grande sofrimento em sua vida. A adolescente teve fotos íntimas vazadas pelo namorado após romper o relacionamento de ambos. Depois muito tempo, conseguiu ter as imagens removidas de um site de relacionamentos, mas vez ou outra aparece alguém com as fotos salvas e as divulgam em aplicativos de mensagens instantâneas.

“Dependendo do foco do bullying praticado, como ofender uma pessoa por seu peso, pode afetar drasticamente a autoestima da vítima. A pessoa pode desenvolver uma imagem corporal modificada da realidade e também adquirir algum distúrbio alimentar, como a anorexia e a bulimia” - Taís Pacheco, psicóloga

Qualquer pessoa que tenha sofrido algum tipo de agressão física, verbal ou emocional necessita de ajuda e proteção. As vítimas de bullying e cyberbullying devem informar aos seus pais ou responsáveis as agressões que vêm sofrendo.

De acordo com a psicóloga Taís Poncio Pacheco, os indivíduos que sofrem ataques do tipo podem vir a sofrer diversos danos futuros. “Dependendo do foco do bullying praticado, como ofender uma pessoa por seu peso, pode afetar drasticamente a autoestima da vítima. A pessoa pode desenvolver uma imagem corporal modificada da realidade e também adquirir algum distúrbio alimentar, como a anorexia e a bulimia.”

Taís expõe também que a vítima pode ter dificuldade em relacionamentos sociais e baixo desenvolvimento escolar. “A vítima após receber diferentes maus tratos, tanto na escola quanto pelas redes sociais, pode apresentar diferenças quando for criar laços afetivos com novas pessoas. Devido à falta de confiança, ela pode apresentar-se de forma mais retraída ou agressiva, dependendo da personalidade do indivíduo” conta.

Os que praticam o bullying, intitulados bully, apresentam tal tipo de comportamento devido a alguns fatores que o levam a depreciar a imagem alheia com a intenção de sentirem-se melhores. A psicóloga aponta que os praticantes do bullying geralmente possuem um comportamento agressivo exacerbado, derivado de possíveis problemas familiares que refletem fora de seu ambiente doméstico. “O praticante pode ter presenciado cenas de discussões ou repressões dentro de casa que o levam a pensar que essa seria uma maneira adequada de se tratar o próximo.”

Bullying pode afetar desenvolvimento escolar da vítima dessa violência (Foto:Speed/Reprodução)

Crime contra a honra
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) aprovou em 2013 um projeto de lei que inclui no Código Penal o crime de intimidação vexatória. A ementa tipifica o bullying como crime contra a honra. De acordo com a proposta, o crime consiste em intimidar, constranger, ofender, castigar, submeter, ridicularizar ou expor alguém a sofrimento físico ou moral.

A pena prevista é de detenção de um a três anos e multa. Se o crime ocorrer em ambiente escolar, a pena será aumentada em 50%.Se o crime for praticado por meio virtual de comunicação (cyberbullying), a pena será aumentada em dois terços.Se a vítima for deficiente físico ou mental, menor de 12 anos, ou se o crime ocorrer explicitando preconceito de raça, etnia, cor, religião, procedência, gênero, idade, orientação sexual ou aparência física, a pena será aplicada em dobro.Se do crime de intimidação vexatória resultar lesão corporal ou sequela psicológica grave de natureza temporária, a pena será de reclusão de 1 a 5 anos. Se a lesão for de natureza permanente, a pena aumentará para reclusão de 2 a 8 anos. Já se a intimidação resultar em morte, a pena será de reclusão de 4 a 12 anos.

Pauta e texto: Allonnso Prudente (6º período)
Edição: Marcela Ximenes

Escola de Música Jorge Andrade insere pessoas maiores de 50 anos no mundo das partituras

Aos 26 anos de existência, escola de música agora possui classe da melhor idade

Manoel Sobrinho, aluno do projeto (Foto: Mary Stephany/Focas do Madeira)

A Escola Municipal Jorge Andrade, em Porto Velho, quebrou paradigmas e criou uma nova classe, a classe denominada Canto da Idade. Segundo a diretora Dulciléia Borges, o projeto nasceu após a percepção da grande procura de pessoas com mais de 50 anos para fazer aula de música. “A música é muito importante para todas as idades, mas para os mais experientes, serve como aprendizado e um novo jeito de ocupar o tempo”, afirma a diretora. 

A escola utiliza sorteios como método de seleção de alunos. Durante o dia, estudam alunos de 8 a 17 anos. O horário da noite é reservado aos alunos que possuem maior idade. Os idosos interessados procuravam se inscrever, e se sorteados, iniciavam as aulas. Porém, durante o ano letivo, os mais velhos não conseguiam acompanhar as aulas porque a metodologia não era adequada para a idade. “Então desenvolvemos o projeto, com professores adequados e com didáticas adaptadas para a idade dos alunos. Assim como as crianças possuem um ensino diferenciado dos adultos, os idosos merecem uma atenção especial”, avalia Dulciléia Borges.

Em 2014, deu-se início à primeira turma do projeto Canto da Idade, com mais de 30 alunos em sala de aula. No decorrer do ano, houve poucas desistências. Os alunos aprenderam a base da música, e não apenas as famosas sete notas musicais (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si). A professora Raquel Cabral diz que a experiência valeu a pena. 

"Assim como as crianças possuem um ensino diferenciado dos adultos, os idosos merecem uma atenção especial” - Dulciléia Borges

Diferente de uma criança ou um adolescente, o adulto sabe o que quer, e a maturidade de quem possui a melhor idade o ajuda a persistir e alcançar a meta. “Para eles é uma questão de conquista. Alguns chegaram acreditando que não conseguiam e se surpreenderam ao ver que conseguiram concluir todo o ano letivo“, afirma a professora.

Manoel Alves Sobrinho, de 72 anos, participou do projeto e concluiu a etapa de musicalização. “Para mim foi de grande importância, visto que aprendemos a parte inicial e básica da música. A escola é muito importante para o município e para a sociedade, nós é que não aproveitamos a escola como devemos”, comenta o aluno. Manoel conta que, durante o período letivo, se reunia com os amigos de turma no mínimo duas vezes por semana para treinar e relembrar o que foi passado em sala de aula. Em sua apresentação com a turma, tocou na flauta doce canções natalinas e cantigas.

No último mês de novembro, os alunos fizeram uma apresentação no auditório da escola, onde mostraram aos amigos e familiares o que aprenderam na teoria e na prática. A alfabetização musical proporcionou para os alunos do projeto o estímulo à vida e a criatividade, pois, ao invés de ficarem ociosos, estarão nas horas vagas treinando flauta doce ou revendo a partitura para não esquecer o que foi passado em aula. Fizeram novas amizades, criando um novo círculo de convivência.


Em novembro, alunos se apresentaram para familiares e convidados (Foto: Escola de Música Jorge Andrade)

História da escola
A Escola Municipal Jorge Andrade foi inaugurada no dia 1 de janeiro de 1988 pelo prefeito Tomás Correia. Mas o movimento para a criação da escola iniciou anos antes. Na época, o professor e músico Sebastião Araújo Alves das Graças começou a dar aula para um grupo de aproximadamente 20 adolescentes no antigo Teatro Municipal. Em seguida, as aulas mudaram para a biblioteca Dr. José Pontes Pinto (na avenida Farquhar). Com o aumento dos alunos, a prefeitura alugou uma casa no início da avenida Abunã, neste local, surgiu a ideia de montar uma Orquestra Municipal.

Aprovando o novo projeto, o prefeito Tomás Correia construiu a atual escola de música, com o objetivo de que, os alunos que ali estudassem, formassem a sonhada orquestra. Seis meses antes da inauguração, os alunos que possuíam a maior idade foram contratados como instrutores da nova escola. De 20 alunos, seis foram contratados.

Como a ideia era nova e não foi divulgada, no primeiro ano não teve procura. Porém, do segundo ano em diante, a procura foi aumentando cada vez mais, satisfazendo os idealizadores. Com o tempo, o projeto inicial foi deixado de lado, e a escola se tornou mais adepta de instrumentos populares. Os instrumentos da orquestra, além de serem mais caros, possuíam pouca procura, proporcionando aos poucos a mudança.

Paulo César Cardoso atua como professor na escola desde o ano de fundação, e afirma que a realidade é muito diferente do início. Até hoje, Porto Velho não possui uma orquestra. “O município perde em questão de cultura. Os instrumentos populares são bons e têm suas vantagens, mas uma orquestra melhora o nível cultural. Um exemplo é que não se vê violência em um concerto”, afirma o professor mais antigo.

Hoje, a escola é dirigida por Dulciléia Borges, oferece aula nos períodos da manhã, tarde e noite; e instrumentos para o aprendizado na escola, mas orienta o aluno a ter o mesmo em casa para treinar. Os alunos aprendem teoria musical e prática de teclado, piano clássico, violão, bateria, violino, flauta transversal, guitarra, contrabaixo, saxofone e técnica vocal.

Para ingressar como professor é necessário esperar o edital do concurso municipal. Para ser aluno, todos os anos, ao final do período letivo, deve-se dirigir à escola e colocar o nome para sorteio, se for contemplado, efetua a matrícula na semana seguinte.  Boa sorte!

Pauta e texto: Mary Stephany Porfiro (6° Período)
Edição: Marcela Ximenes

Pouco conhecido em Rondônia, Slackline reúne adeptos em Porto Velho

Você teria coragem de tentar atravessar um rio de um lado para o outro apenas em cima de uma corda elástica? Então conheça o Slackline
Renan Olivío praticando Slackline no centro de Porto Velho (Foto: Renato Pereira/GE)

Um esporte que necessita de equilíbrio e agilidade por parte dos praticantes. O Slackline é novo e ainda desconhecido em Rondônia. A maioria dos esportistas da região é considerada amadores. E para poder praticar o esporte é necessário de uma espécie de fita elástica onde participantes tentam se equilibrar em cima dela ou fazer manobras.

Em Porto Velho, faz pouco tempo que o esporte chegou e já é sucesso entre os jovens. O primeiro grupo que trouxe o esporte para a capital de Rondônia foi “Os Mamutes Slackline”, formado por três amigos. Em seguida houve a criação de um segundo grupo, “Jumpers Slackline”, que sempre está em atividade.

O Slackline surgiu em 1980 em campos de escalada nos Estados Unidos. Os escaladores passavam semanas acampando em busca de novas formas de escalada e nos tempos vagos esticavam as suas fitas de escalada para tentar se equilibrar e caminhar. O Slackline, também conhecido como corda bamba, significa "linha folgada", porém sua flexibilidade permite criar saltos e manobras inusitadas. No Brasil, o esporte chegou em 2010 nas praias do Rio de Janeiro.

Existem algumas variações na modalidade incluindo o “Waterline” realizado sobre água, “Highline” em grandes alturas, como por exemplo, montanhas e pontes. Também existem “Trickline” praticado somente para fazer manobras e “Longline” normalmente realizado acima de 40 metros, entre outras variações.

A última competição em Porto Velho foi no Clube Botafogo FC em parceria com Jumpers Slakiline. Durante a tarde de sábado (3/11), foi realizado o primeiro campeonato da modalidade, 12 pessoas se inscreveram para participar e foi montada uma mesa de jurados para avaliar os competidores. Cada um teve dois minutos para mostrar suas habilidades e os jurados avaliarem.

As mulheres começaram a competição com o walterline, com direito a colchões para proteção em caso de queda. Os rapazes encararam o slackline sobre a água em uma altura de quase três metros. É legal saber que o esporte ganha cada vez mais adeptos”, comentou Lucas Camacho, um dos jurados da prova.

Grupo Os Mamutes do Slackline praticando no Parque da Cidade (Reprodução Facebook)

Equilibrio, concentração e força

O Slackline também é saúde, ficar se equilibrando sobre uma corda possui muitos benefícios físicos e também mentais. Equilíbrio, concentração, consciência corporal, velocidade de reação e coordenação como os maiores benefícios do Slackline.

“É um ótimo exercício físico que fortalece todos os músculos do corpo, principalmente membros inferiores e região abdominal”, disse a professora e personal trainer da academia do Botafogo, Natalia Oliveira.

Quem tiver interesse em conhecer de perto o Slackline, o grupo se reúne aos finais de semana na Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e durante a semana no Parque da Cidade. Conheça os grupos no Facebook Jumpers Slackline e Os Mamutes do Slackline.


Pauta e Texto: Matheus Henrique (5º Período)
Edição: Marcela Ximenes

Reginaldo Trindade: o homem que dá vida ao procurador

Reginaldo Trindade está há quase 18 anos no MPF (Foto: Assessoria de Imprensa/MPF-RO)





























De office-boy a procurador da República, Reginaldo Trindade, pai de dois filhos, marido e praticante de handebol, possui mais de 24 anos de carreira. Só no Ministério Público ele acumula mais de 17 anos. Natural de Uberaba (MG), ele veio para Porto Velho em 1985, ainda garoto. Como diz o ditado, “quem bebe água do Madeira não quer ir embora”. Reginaldo deve ter bebido muito dessa água, pois afirma que poderia ter retornado para sua terra natal há dez anos e não o fez.

Engana-se quem pensa que Reginaldo entrou no Ministério Público Federal (MPF) como procurador. Em 1996, ele já atuava no órgão como estagiário, fazendo parte da primeira turma de estagiários da Instituição, em Rondônia. Sua experiência profissional caminha por vários setores e segmentos. Ele afirma que começou bem de baixo. Foi office-boy em duas agências de turismo; atuou como contínuo no Banco Mercantil de São Paulo, por volta de 1993; foi promovido para outras funções e lá, no Banco, ficou até estar quase formado, no final de 1996. Na época, ele estava aprovado em dois concursos públicos, um para analista do Tribunal Regional do Trabalho, e outro para analista da Justiça Federal.

Ele foi ainda assessor jurídico do Ministério Público de Rondônia em 1997, e, em outubro do mesmo ano, assumiu o cargo de promotor de Justiça em que ficou por cerca de seis anos e meio, trabalhando nos municípios de Alta Floresta D’Oeste, Espigão D’Oeste, Pimenta Bueno, Porto Velho, Rolim de Moura, Santa Luzia D’Oeste e Vilhena.

No MPF, como procurador, ele entrou em 2004 (aprovado com louvor, em 5º lugar, em um concurso que contou com mais de dez mil candidatos de todo o Brasil). Sua área de atuação abrange a Defesa do Patrimônio Público e Social (combate à improbidade administrativa); o Núcleo de Combate à Corrupção; a Defesa do Povo Indígena Cinta-Larga; e a Inspeção na Penitenciária Federal de Porto Velho. Reginaldo tem se destacado em todas essas áreas, com ênfase para a defesa dos Cinta-Larga, que tem sido uma “escola” para ele. Já são mais de cinco mil atuações distintas, entre elas, ações, recomendações, reuniões, ofícios etc.

Trindade é defensor das causas indígenas (Foto: Assessoria de Imprensa MPF-RO)
Ele afirma que está no momento mais relevante do trabalho, pois com a criação do Grupo Clamor – Cinta Larga: Amigos em movimento pelo resgate, que conta com mais de 30 pessoas voluntárias algumas ideias já puderam “sair do papel”. O procurador, com apoio do grupo, conseguiu uma audiência pública no Senado Federal e a 1ª Ação Social Cinta Larga que prestou atendimentos de saúde, expedição de documentos, entre outros, a centenas de índios. “A defesa do povo Cinta-Larga envolve fé e esperança gigantesca para não nos deixar esmorecer”, afirma o procurador.

Outra área de sua atuação é o Núcleo de Combate à Corrupção, que está sendo instalado no Brasil inteiro. O núcleo tem como objetivo associar o combate penal ao combate civil da corrupção. Ele era o único procurador responsável pelas investigações e ações de improbidade. Agora, cinco procuradores atuam no Núcleo.

Cidadão Honorário
No final de 2013, Reginaldo recebeu da Assembleia Legislativa um Título de Cidadão Honorário, que o reconhece como excelente profissional e destaca seu papel como cidadão no combate à corrupção e improbidade administrativa. Ele avalia esse reconhecimento de forma positiva, “muito maior que sua pena poderia traduzir em palavras”. Aqui, em Rondônia, se formou em Direito, casou, e passou a trabalhar no MPF fazendo, segundo ele, o que mais gosta: defender índios e combater a corrupção.

No combate à corrupção, Reginaldo conseguiu afastar prefeitos em quase todos os municípios pelo qual passou, processou deputados e senadores. O procurador destaca oito ações de improbidade movidas contra Ivo Cassol, na época em que era governador de Rondônia. Os documentos, enviados à Procuradoria-Geral da República, resultaram na abertura de uma ação penal, acolhida pelo Supremo Tribunal Federal em 2013. Para ele, esta ação, talvez, justifique futuramente a prisão e até a perda do cargo de senador de Ivo Cassol. 


“A defesa do povo Cinta-Larga envolve fé e esperança gigantesca para não nos deixar esmorecer” - Reginaldo Trindade

O procurador, respeitado e reconhecido, conta que sempre teve seu pai como exemplo de retidão e pessoa de bem. Mas o homem sério, reto e comprometido com a sociedade possui um lado esportista não tão conhecido. Além de handebol, ele pratica basquete, futebol e anda de patins. Ama filmes e livros, principalmente os de História, e, buscando a fluência em outras línguas, estuda Inglês e tem vários sonhos: escrever livros, voltar a estudar, talvez fora do país.

Se aplicar metade da determinação com que realiza seu trabalho, Reginaldo não encontrará problemas na concretização desses planos.

Perfil ativo
Ao ser questionado se já pensou em trabalhar em outro ramo, ele afirma que o Ministério Público sempre esteve em seu sangue e que até chegou a fazer alguns concursos da magistratura, mas que acabou desistindo, pois acha que seu perfil ativo não combinaria com a magistratura.

Sobre aposentadoria diz: “Até lá, continuarei a tentar ajudar as pessoas a fazer um estado e um país melhor. Sinto-me devedor da sociedade e considero-me extremamente abençoado por tudo que conquistei na vida”.

Pauta e texto: Lílian Oliveira (6º período)
Edição: Marcela Ximenes 

Programas sociais contribuem para a ressocialização de menores em conflito com a lei

Em Porto Velho, mais de 600 adolescentes cometeram atos infracionais e alguns já cumprem medidas socioeducativas


Seiscentos e quarenta. Essa é a média do número de adolescentes que estão em conflito com a lei, em Porto Velho. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que do ato infracional à medida socioeducativa, o adolescente deve passar por alguns estágios. Após o ato cometido, o menor é encaminhado à delegacia especializada em infância ou juventude para ser ouvido pelo delegado; o caso será analisado pela promotoria que irá decidir se abrirá ou não processo; se for constatada a culpa, o menor de idade é encaminhado para a medida socioeducativa que pode ser oferecida pelo estado ou por organização não governamental.

Foi por esse processo que passou Bruno*. Ele cometeu um ato infracional, foi pego em flagrante e, após a responsabilização de seu ato, foi encaminhado para o cumprimento de medidas no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Lá, ele tem a oportunidade de se reunir com outros adolescentes que passam pela mesma situação. Durante a reunião do grupo, várias dinâmicas são executadas para que haja a integração entre eles. Além disso, por meio da parceria do Creas com empresas, os adolescentes vão fazer curso profissionalizante; alguns já foram contratados para trabalhar como menores aprendizes. A coordenadora Kellen Renata da Silva afirma que essa é uma forma de reorganizar a vida do menor e o reinserir na sociedade.

Bruno está contente pela oportunidade. Ele conta que se arrepende de ter cometido o ato e que, por meio dessa parceria, pretende se desenvolver. Ele e os demais adolescentes que estão no cumprimento de medidas em meio aberto tiveram a oportunidade de participar de um concurso de fotografia promovido no II Congresso Estadual Judiciário, em Porto Velho. Os três primeiros colocados foram premiados com câmeras digitais, curso de fotografia, certificado e brindes personalizados com as fotos. É em oportunidades como essa que os jovens podem exercitar suas habilidades e expor talentos, até então escondidos. 

Foto ganhadora do 2º lugar do concurso de fotografia. O pôr do sol no Rio Madeira foi capturado por um     adolescente de 14 anos (Reprodução)


Órgão de Defesa 
O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Maria dos Anjos (CDCA) é uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos, com sede em Porto Velho. O objetivo do CDCA é garantir a proteção integral à criança e ao adolescente com seus direitos violados. O Centro executa, atualmente, quatro projetos em prol de adolescentes em conflito com a lei.

O Projeto Presente e o Projeto Curumim são feitos com recursos do fundo municipal. Já o Projeto Escola Amiga é uma parceria com a Secretaria Municipal da Educação e é permanente, pois é uma forma de respaldo do CDCA perante a Secretaria. E o Projeto Fazendo a Diferença que tem parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento. 

O Projeto Curumim (duração de 10 meses) trabalha na prevenção e no combate ao abuso e a violência sexual de crianças e adolescentes, nos distritos de Jacy-Paraná, Nova Mutum e Abunã. Por conta da construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, o número de gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e prostituição aumentou consideravelmente. A assistente social Daiane Junqueira afirma que isso se deu devido à migração de homens para trabalhar nas obras, falta de perspectiva de vida, pelos menores e, às vezes, a própria família retira a criança da escola para que ela possa se prostituir e contribuir com a renda familiar. “Infelizmente as obras das usinas foram muito impactantes nesses distritos, por isso o projeto está sendo desenvolvido lá”, afirma Daiane.

O Projeto Presente é feito em parceria com o Creas que deve encaminhar adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas e que se encontram com algum direito violado, por exemplo, a negação de vaga na escola para aquele que cometeu ato infracional. A garantia dos direitos desses adolescentes é feita por meio de proteção jurídico-social, em que um advogado e a assistente social verificam quais procedimentos devem ser tomados para essa defesa.


    Reunião com o grupo de adolescentes participantes do Projeto Presente. (Foto:Assessoria/CDCA)


Unidades de Internação
O CDCA, por meio de suas assistentes sociais, visita as unidades de internação para fazer o acompanhamento dos menores. A assistente Daiane conta que as condições das unidades de internação estão totalmente precárias e insalubres. Atualmente, três unidades funcionam em Porto Velho. 

A Unidade Provisória e Sentenciada, localizada na Avenida Rio de Janeiro, foi interditada por não reunir mais condições de atender aos adolescentes. Tanto a falta de estrutura física, quanto a falta de recursos e profissionais foram fatores que contribuíram para o seu fechamento. A Unidade feminina, na Avenida Jorge Teixeira, também foi interditada. Por conta disso, as adolescentes que deveriam ser internadas na capital, são encaminhadas para unidades do interior, o que acaba desrespeitando o que está previsto no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), cumprir as medidas, porém, manter o vínculo com a família. Daiane afirma que as unidades do interior não possuem local adequado e que em algumas delas, meninos e meninas ficam juntos, ou na mesma unidade, separados apenas por alas diferentes.

Cumprimento de medidas
As medidas socioeducativas variam conforme o ato infracional cometido. Elas são dividas de acordo com a responsabilidade estadual e municipal. De acordo com o Sinase, a semiliberdade e internação em estabelecimento socioeducativo são de responsabilidade do governo estadual. Já a advertência, obrigação de reparo ao dano causado, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida são medidas aplicadas em meio aberto e devem ser mantidas pelo governo municipal. Em Porto Velho, o órgão coordenador das medidas socioeducativas é a Secretaria de Assistência Social. 

No Creas, os jovens cumprem medidas para a consequente ressocialização. De acordo com a coordenadora do Centro, Kellen Renata, durante o cumprimento das medidas em meio aberto, eles devem estudar e fazer cursos, para serem reinseridos na sociedade. Os adolescentes podem prestar serviços em instituições de forma gratuita ou serem acompanhados por meio da liberdade assistida, em que eles têm a obrigação de estudar, trabalhar, fazer curso profissionalizante, obedecer aos pais, não andar em más companhias, entre outros. O objetivo é fazer com que o adolescente não cometa mais ato infracional e que ele não se envolva em outras situações que possam levá-lo à vulnerabilidade social. 

Acompanhamento
Uma das formas pela qual os adolescentes podem ser orientados é através do orientador social voluntário. Atualmente, existem poucos orientadores, menos de 60. O preconceito e a disponibilidade são fatores que contribuem para essa defasagem. O período em que o adolescente deve ser acompanhado é de, no mínimo, seis meses, sendo que a cada dois meses, o orientador produz um relatório, que é encaminhado ao Juizado, avaliando o avanço do menor. Ao final dos seis meses, se for constatada que a situação do menor está “tranquila”, o desligamento do programa pode ser solicitado.


Unidade de Internação Masculina está interditada
 (Foto: Lílian Oliveira/Focas do Madeira)
Mortes nas unidades
De acordo com dados recebidos do 1º e 2º Juizado da Infância e da Juventude, de 2002 a 2014, 21 jovens foram assassinados dentro de unidades de internação, em Porto Velho. O caso mais recente foi em outubro deste ano, em que um adolescente de 16 anos enforcou outro, da mesma idade, com um lençol. Conforme laudos psiquiátricos, o adolescente deveria ser mantido isolado, pois já havia apresentado quadro de problemas psicológicos. O fato aconteceu na Unidade de Internação Sentenciados Masculinos II, a Casa de Detenção do Menor, na Avenida Amazonas. 

Para a assistente social Daiane, o motivo para tantas mortes pode ser ocasionado pela inflação do sistema e falta de adaptação do mesmo. Ela afirma que ao visitar as unidades, ficou muito triste ao perceber que da forma como está, o adolescente sairá do sistema pior do que entrou. 

Os adolescentes que cumprem medidas de internação encontram-se em situação de encarceramento. Lá não são desenvolvidas atividades que busquem sua reinserção na sociedade. Ao ser questionada sobre a semelhança das unidades com presídios, Daiane disse que “normalmente nos presídios, os presos ainda têm mais direitos garantidos do que os adolescentes”.

*Bruno é nome fictício.

Pauta e texto: Lílian Oliveira (6º período)
Edição: Marcela Ximenes