domingo, 30 de novembro de 2014

Setor de estética cresce em Rondônia e donas de salão de beleza chegam a faturar R$ 2 mil por mês

Brasil ocupa terceiro lugar no ranking mundial do mercado da beleza. Somente neste ano, 930 empresas do ramo foram abertas em Porto Velho.  

Clínica de estética localizada na região central de Porto Velho (Foto: Mary Stephany Porfiro/Focas do Madeira)






O mercado da beleza tem crescido muito nos últimos anos, e no Brasil ele já ocupa o terceiro lugar no ranking mundial. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo divulgou uma pesquisa que deixou os profissionais do setor otimistas. A pesquisa afirma que as mulheres gastam 20% do salário em cremes e maquiagem. Outro dado mostra que os gastos dos brasileiros com serviços de cabeleireiros cresceram 44% em seis anos. Em 2010, lojas do setor faturaram quase R$ 30 bilhões no país, 11% a mais que em 2009.

Rondônia é um dos destaques desse ranking. Nos últimos três anos, as empresas voltadas ao ramo de estética tiveram um aumento de 42,7%, segundo a Junta Comercial do Estado de Rondônia (Jucer). De 2010 a junho de 2014, foram criadas 1.950 empresas no Estado no setor de atividades estéticas e cuidados com a beleza. Em Porto Velho, só neste ano, foram abertas 930 empresas.

Taissa Bella é dona de uma empresa de estética na capital e afirma que a maior parte de sua renda vem da divulgação das marcas dos produtos que utiliza em seu espaço. “Eu divulgo mais as marcas nas redes sociais do que o meu próprio ambiente, pois são elas que trazem meu lucro. Além de usá-las no meu salão, ainda ganho por divulgá-las”, comenta.

A proprietária explica que, há dois anos, suas funcionárias só conseguem atender as clientes que têm hora marcada. “Hoje em dia a mulher não tem hora para vir ao salão, seja arrumar o cabelo, fazer as unhas, se depilar ou até mesmo fazer uma limpeza facial. Mas a demanda tem sido tão grande que eu tenho feito de tudo, mas nem sempre consigo encaixar a cliente no horário que ela quer. O jeito é ligar bem antes e marcar”.

Mudanças
Um local que antigamente era frequentado apenas por pessoas de classe média ou alta, agora não tem classe determinada. Cuidar da beleza já é fundamental na rotina da maioria das porto-velhenses. 

A cabeleireira Leyd Daiane, que atua desde seus 16 anos na área, já fatura mais de R$ 2 mil ao mês. “Tenho algumas que clientes que chegam a frequentar o salão três vezes na semana. Tem mulher que prefere gastar um pouquinho a mais e se sentir aparentemente bem do que ficar com as contas em dia e se sentir feia”, analisa.

Leyd atribui esse crescimento ao acesso a informação. “As pessoas têm sentido a necessidade de estar bem apresentável. Acredito que o acesso a informação fez com que as pessoas queiram estar cada vez mais bonitas. Antes a moda era fazer escova na sexta-feira para passar o final de semana com os cabelos bonitos. Hoje em dia elas querem esbanjar beleza a semana toda. Tem cliente que marca as sete da manhã da segunda-feira pra começar a semana com o pé direito”, pondera a cabeleireira.

Salão cheio em uma tarde de quinta-feira (Foto: Mary Stephany Porfiro/Focas do Madeira)


Mesmo com essa mudança de hábitos, o movimento das empresas no ramo da estética e serviços de cuidados com a beleza ainda é maior aos finais de semana e durante as festas de fim de ano. “Sempre trabalhei o dobro no período das festas natalinas e réveillon. Nessa época em que a maioria das pessoas tira férias é quando nós, os profissionais dessa área, mais trabalhamos. Ano passado eu bati meu recorde e cheguei a faturar R$ 3,2 mil no mês de dezembro”, detalha Leyd.

Empregos
O setor também também gera novos empregos. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) forma cerca de 130 pessoas por ano em Rondônia através de três escolas de Porto Velho que oferecem os cursos de cabeleireiro, maquiador, design de sobrancelha, depilação, manicure e pedicure.

A professora e coordenadora do Senac São Tiago, Meirelene Carvalho, explica que os cursos na área da estética são os mais procurados e os que tem menos desistência no decorrer das aulas. “As pessoas estão percebendo que essa área tem um bom rendimento financeiro e estão procurando se especializar pra garantir sua renda. Uns se formam e montam seu próprio negócio, outros utilizam o que aprenderam para obter uma renda extra trabalhando nas horas vagas. De qualquer forma, pra quem realmente quer ser um profissional capacitado, existe sim um bom retorno financeiro”, explica.

Pauta e texto: Ananda Carvalho (6º período)
Edição: Marcela Ximenes

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Do Líbano ao Brasil, Mohamad conta a história que há por trás da famosa esfirra do Sabor Libanês

Seo Mohamad trabalha no Sabor Libanês há 20 anos (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)

Muitos conhecem sua esfirra, mas poucos sabem da sua história. Mohamad Hijazi, proprietário, cozinheiro, caixa e vendedor do Sabor Libanês, afirma que não tem nem um ‘segredo do chef’, como dizem, na massa da sua famosa esfirra. “Acho que o diferencial é que a gente faz com carinho. É quase um trabalho artesanal”, considera o ‘primo’, como é conhecido por inúmeras pessoas que entram diariamente na sua lanchonete. Aos 61 anos, o libanês diz que se orgulha de fazer parte da história de Rondônia.

Nascido em Karoun, um vilarejo localizado na província de Beqaa, no Líbano, Hijazi conta que parte de sua família veio para Rondônia em 1954 com a oportunidade de emprego, já que naquela época a extração de cassiterita estava em alta na região. No entanto, os seus tios e primos que vieram primeiro acabaram sendo os precursores no ramo da culinária libanesa em Porto Velho com a criação do Restaurante Almanara, em julho de 1966.

Antes da lanchonete, no mesmo espaço, Hijazi tinha uma loja
de confecções (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
Com precisão em todas as datas, o libanês lembra que em 15 de abril de 1970, tendo apenas 16 anos, ele partiu sozinho do Líbano e veio para capital rondoniense com intenção de conhecer os familiares que não tinha conhecido pessoalmente até então. “Cortei o mundo e vim sozinho. Não tinha medo de nada, era jovem”, recorda. Ele comenta que, à época, o governo brasileiro emitiu um visto com validade de 60 dias para ele, porém, por ter aprendido a língua portuguesa em apenas dois meses, acabou ficando nas terras tupiniquins.

Estabelecido em Porto Velho, Mohamad começou a ajudar os familiares no Almanara – que ele afirma ‘ser o mesmo local, a mesma família e o mesmo cardápio desde sempre’ – e tomou gosto pela relação entre as pessoas, tanto que, em 1977, ele comprou o ponto, onde hoje é o Sabor Libanês, e começou no ramo de confecção com a KM Magazine. Porém, no início de 1994, ele conta que não gostava mais da freguesia e decidiu acabar com o negócio e fechar a loja.

Sem renda fixa, mas também sem conseguir ficar parado, ele se tornou corretor de imóveis e seguro na capital para garantir seu sustento e de sua família. Em uma das viagens a São Paulo, daquele ano, para comprar produtos típicos libaneses que surgiu a ideia de voltar à adolescência quando ajudava no Almanara e criar seu próprio estabelecimento gastronômico.

Às 8h do dia 10 de julho de 1994, o Sabor Libanês abriu pela primeira vez suas portas como tal. Mohamad brinca com a situação, porque foi no mesmo momento em que estava sendo noticiado sobre a implantação da nova moeda pelo Plano Real. “Pensei comigo: ‘então vamos lá, vamos ver quem dura mais, o Sabor Libanês ou o Plano Real’ e estamos aqui até hoje”, lembra rindo. Só que, no primeiro dia, o Sabor Libanês teve de fechar ao meio-dia por um motivo muito curioso: não tinha mais nada para vender.

Diferencial das esfirras é o preparo no dia, releva 
o libanês (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
O sucesso da esfirra do ‘primo’ continua até os tempos atuais. E para garantir o êxito de 20 anos atrás, a rotina de Hijazi é bem diferente de muita gente: às 3h30 ele já está na lanchonete para ajudar a esposa a fazer a massa das esfirras, às 6h vai ao mercado para comprar a carne, verduras e condimentos que faltam e às 7h, de segunda a sábado, ele abre o Sabor Libanês, mas com uma condição. “Não abro se a estufa não estiver cheia de esfirra”, afirma.

A massa da esfirra do Sabor Libanês é uma incógnita para quem se delicia com a comida típica do Líbano. Muitos acham que vão certos ingredientes que não há em outras esfirras comuns, mas Mohamad acaba com o mito, dizendo que a diferença é que todas são preparadas no dia que serão servidas. “Não congelamos nossas esfirras e é por isso que elas não ficam com aquele gosto de amanhecida”, revela. Hijazi conta também que a receita libanesa veio da sua mãe e da sogra, e é a sua esposa que perpetua na prática.


“Eu adoro trabalhar sozinho por conta do tratamento. Eu gosto de tratar todos igualmente. Tenho prazer em atender todos pessoalmente, de me comunicar, tirar brincadeira, e é isso que ganha o cliente” - Mohamad Hijazi


A parte administrativa fica por conta dos dois filhos que tem. “Desde pequenos eles me acompanhavam aqui [Sabor Libanês] e são eles que mandam nisso tudo”, afirma. Além dos filhos e Mohamad, não há mais ninguém que atende no Sabor Libanês, e, apesar da cara dura, ele garante que adora se comunicar com os seus clientes, e afirma que é isso que faz o negócio dar certo. “Eu adoro trabalhar sozinho por conta do tratamento. Eu gosto de tratar todos igualmente. Tenho prazer em atender todos pessoalmente, de me comunicar, tirar brincadeira, e é isso que ganha o cliente”, garante.

Sobre a aposentadoria, Hijazi diz que ‘nem pensa nisso’ e que o Sabor Libanês é um dos maiores prazeres da sua vida. “Não quero me aposentar para ficar em casa parado. Capaz de eu pegar uma depressão, ficar doente. Não quero isso. E eu gosto daqui, tenho prazer no que eu faço”, afirma.

No aniversário de 61 anos, o 'primo' reuniu toda família no 
Líbano para a confraternização (Foto: Arquivo pessoal)
Saudades
Em agosto deste ano, ‘seo’ Mohamad completou 61 anos e se deu de presente de aniversário uma viagem ao Líbano. Mas não era uma viagem qualquer: ele queria reunir todos os irmãos para aquela data e no país em que nasceu. “Fazia muito tempo que não juntava todos os irmãos com papai e mamãe no Líbano. Queria reunir todos para tirar aquela fotografia”. E conseguiu.

Há mais de 40 anos em Rondônia, Mohamad diz que a saudade é um dilema para ele porque ele pensa toda hora em voltar para o Líbano, mas quando está lá, pensa em Porto Velho. “Bate saudade da família, tanto de lá, quanto de cá, mas aqui eu tenho meus filhos. Tanto que dessa vez quando fui para o Líbano, mandava mensagem toda hora para eles aqui no Brasil”, lembra.

Rondônia
Mohamad recorda que ficou entre Porto Velho e Ji-Paraná por 12 anos e que ajudou a construir uma das avenidas mais importantes de Ji-Paraná, a Avenida Brasil. "Eu morava do lado da mata virgem, e como eu tinha contato com o prefeito da época, numa troca de favores, eu pedi pra ele abrir aquela mata. E aquilo foi o começo para a Avenida Brasil hoje”, afirma Hijazi, dizendo que nos livros de história da cidade, nunca constou seu nome.

O homem libanês já foi vendedor ambulante, caminhoneiro e garante que ajudou a desbravar Rondônia junto com muitos outros estrangeiros que contribuíram para a história do Estado. Além disso, Mohamad lembra que atende hoje a 4ª geração de uma família. “Tem pessoas aqui em Rondônia que eu atendi lá no Almanara e hoje eu atendo o bisneto aqui no Sabor Libanês”, recorda Hijazi, que diz ter ensinado mais coisas do Líbano do que ter aprendido coisas de Rondônia.

Mohamad diz sofre um dilema de saudades entre o Brasil e o Líbano (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)

Família
“Primeiro Deus, depois minha família. O resto é consequência”, comenta o ‘primo’ categoricamente sobre as coisas mais importantes na sua vida. Para o libanês, respeito, educação e moral se aprendem em casa com a família e são os elementos essenciais para ter sucesso na vida.

Muito além do trabalho, das esfirras e das histórias de vida, Mohamad afirma que o Almanara e Sabor Libanês são lugares para juntar pessoas. “É um lugar para juntar amigos e, principalmente, famílias em todas as suas gerações”, finaliza.


Pauta e texto: Halex Frederic (6º período)
Edição: Marcela Ximenes

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Atoleiros isolam comunidades localizadas na Estrada do Belmont, zona Norte de Porto Velho

Motoristas enfrentam dificuldades para trafegar na via repleta de lama e buracos; moradores reclamam de abandono 


Lama,buracos e atoleiros fazem parte da Estrada do Belmont



Pela Estrada do Belmont, na zona Norte de Porto Velho, passa a maior parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) de Rondônia. Nessa via transitam, diariamente, centenas de veículos carregados com combustível, alimentos e uma diversidade de produtos. A estrada dá acesso a diversos sítios, chácaras e comunidades rurais. No entanto, há alguns meses o tráfego no local está precário e isso tem atrapalhado quem vive na região. “Nosso sítio tinha produção ativa de mandioca, fazíamos farinha pra vender na cidade. Agora não tem como sair daqui", afirma o agricultor Robson Vieira.  

Problemas também para motoristas. Uma das queixas dos motoristas é a dificuldade em fazer as manobras por não haver estabilidade no solo repleto de buracos e atoleiros. “Pelo tamanho dos caminhões que a gente conduz, não tem lugar para fazer retorno e precisamos contar com a boa vontade dos empresários deixar a gente entrar nas empresas para fazer a manobra, se tivesse uma pista descente não precisaria”, afirma o motorista João Paulo.

“Eu trabalho há quatro anos nessa estrada, e são quatro anos nesse sofrimento, a gente vem de longe, não tem banheiro, é uma sujeira só, a lama vem no meio da canela, e ninguém faz nada pra melhorar isso”, reclama Antonio Pontes, motorista de caminhão. “Não tem como trabalhar nesse local, a pior estrada que eu trabalhei é essa aqui do Belmont, é incrível como uma estrada que arrecada um dinheiro absurdo é tratada dessa maneira”, conclui Antônio.

O DER (Departamento de Estradas e Rodagens de Rondônia) ao ser procurado pra falar sobre o assunto, informou que aguarda a aprovação de um projeto para executar melhorias na Estrada do Belmont.  Essas melhorias seriam no perímetro que cabe ao estado, começaria  no inicio da avenida Farquhar, até o ultima base petrolífera que corresponde a cinco quilômetros, e seriam acrescentados mais dois quilômetros à estrada de terra o que somaria um total de sete quilômetros de asfalto. O órgão recebeu um documento do Ministério Público (MP) cobrando do departamento planos de ações emergenciais a serem desenvolvidos na estrada, como limpeza e cascalhamento da via. 

Gilda Vieira resiste em continuar na localidade (Foto: Carlos Tapajós/Focas do Madeira)

Comunidades isoladas


Se para os caminhoneiros a situação está difícil, para os moradores de comunidades isoladas é ainda pior. Poucos são os moradores que ainda permanecem no local. Por não ter para onde ir preferem permanecer no local esperando algum tipo de melhoria. Gilda Vieira diz que "a maior dificuldade" enfrentada "é ir pra cidade".  "Temos que descer o barranco e ir de canoa pelo rio, é o único jeito, porque a estrada está essa benção”, comenta. 

Há trechos que nem a pé os moradores conseguem andar. Rosiléia Pereira conta que "a melhor maneira de ir pra Porto Velho é de canoa, porque a estrada está muito ruim, teve gente que já caiu de moto tentando passar pelo atoleiro”.

A dificuldade de ir à escola afastou os estudantes da comunidade, sem outra opção, os pais foram obrigados a mandar os filhos morar com parentes na cidade, pois enfrentavam dificuldade em ir às aulas. “Meu filho não estuda mais aqui, porque não tinha mais condições dele ir para a escola. Ele deixou de morar comigo para morar com minha irmã lá em Porto Velho”,  afirma Rosiléia.


Reflexo do abandono (Foto: Carlos Tapajós/ Focas do Madeira)
O comércio local também está prejudicado devido a dificuldade que os veículos enfrentam para chegar ao local. Ênias Nunes é dono do único estabelecimento em funcionamento, mora há 20 anos na região e atualmente "carrega mercadoria nas costas". Nem mesmo o caminhão que entrega botija de gás passa na estrada. Ênias relata que quando chove forte a água invade o comércio isso porque com o acúmulo de entulhos trazidos pela enchente do rio Madeira, ocorrida no início do ano, o móvel ficou abaixo do nível da rua. 
 
A Semagric (Secretaria Municipal de Agricultura), órgão responsável pelo trecho que dá acesso a comunidade Jocum (Jovens com uma Missão), quando procurada para falar sobre o caso disse que em 15 dias enviaria máquinas para fazer raspagem e cascalhamento no local. No entanto, passou o prazo estipulado e o problema continua.

Enquanto não se define a situação da região, os moradores seguem com as mesmas dificuldades, e a esperança que seja tomada alguma medida que resolva parte dos problemas  locais. “Se arrumassem pelo menos a estrada já tava de bom tamanho”, avalia Amélia Lima, moradora de um sítio da localidade.

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Pauta e texto: Carlos Tapajós (5º período)
Edição: Marcela Ximenes 

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Empresa de Desenvolvimento Urbano aponta furto de fios como o principal motivo da escuridão em ruas de Porto Velho
 
Avenida Mamoré, bairro Cascalheira (Foto: Hosana Morais/Focas do Madeira)

A falta de iluminação pública é motivo de reclamação em diversas regiões de Porto Velho, seja na área central ou na periferia da cidade. Lucas Beltrão mora na Estrada dos Japoneses e estuda na Faculdade Faro, localizada na BR-364. Segundo o estudante, a insegurança provocada pela escuridão faz com ele saia de sala antes do final da aula, tudo para evitar ser vítima de algum crime. Do outro lado da cidade, na avenida Migrantes, o receio é parecido. O técnico em redes Lucas Mendes, que trabalha na Eletrobrás Rondônia e mora no bairro Socialista, afirma ter sido vítima de assalto oito vezes. "Se eu desvio o caminho para não ser assaltado, corro o risco de ser atropelado, porque ando de bicicleta", afirma. 

Na rua Tabajara, entre avenidas Farquhar e Presidente Dutra, a falta de iluminação causa revolta. “Não ter luz aqui nessa rua em plena região central é um cúmulo.  Já deixei de usar academia do Sesc porque não tem energia na rua Tabajara, me sinto desprezada.” Moradora do bairro Arigolândia, a professora preferiu não ter seu nome divulgado. Segundo ela, por diversas vezes precisou abrir mão de atividades de lazer devido a escuridão no local.

Gerlen de Oliveira estuda na Faculdade Uniron, localizada na avenida Mamoré, bairro Cascalheira, conta que o único ponto de luz em frente a faculdade é o do ponto de ônibus. As lâmpadas dos postes estão apagadas. “Todo dia preciso me imprensar na parada de ônibus. Eu me pergunto: quem é o culpado por essa situação?"

Segundo Gerardo Martins, presidente da Empresa de Desenvolvimento Urbano (Emdur), órgão da prefeitura de Porto Velho responsável pela iluminação das vias públicas, no trecho da avenida Mamoré onde está a Uniron há casos constantes de furtos de cabos da rede elétrica. “Criminosos roubaram os cabos todas as vezes que as instalações foram feitas, prejudicando o trabalho feito pela Emdur”. 

Os roubos não são exclusivos da zona Leste, Martins informou que este ano já foram roubados os cabos nas avenidas Migrantes, Calama e Abunã. Para a manutenção é necessária  licitação para a compra de novos cabos, explicou Gerardo.

Em relação a Estrada dos Japoneses, Martins afirma que está em andamento um projeto com a Eletrobrás para que possam ser instaladas redes de baixa tensão na localidade. “Lá a energia é de alta tensão e não tenho como instalar nada sem alterar a rede”, explica.

Avenida Migrantes com Rio Madeira não possui iluminação pública (Hosana Morais/Focas do Madeira)

Ordem de Serviço

O presidente da Emdur afirmou que a partir de janeiro de 2015 a empresa só irá atender por ordem de serviço. O contribuinte poderá ligar para a central de atendimento (0800 642 6331), solicitar o serviço, que, conforme Geraldo Martins, será atendido em até 72 horas.  O serviço antes demorava cerca de 20 dias. A Emdur dispõe de dez equipes, divididas entre manhã e noite, para atender toda a capital.

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Pauta e apuração: Hosana Morais (5º período)
Edição : Marcela Ximenes