terça-feira, 25 de novembro de 2014

Euro Tourinho, mais de meio século dedicado à comunicação em Porto Velho

Jornalista Euro Tourinho e sua máquina Olivetti, no jornal Alto Madeira (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)

O empresário e jornalista Euro Tourinho, profissional consagrado e respeitado na comunicação de Rondônia, hoje, aos 92 anos, com uma saúde invejável, lúcido e em plena atividade fala com orgulho do jornal Alto Madeira que está com 97 anos em pleno funcionamento. 

Filho do fazendeiro Homero Tourinho, ele conta que sua vinda à Rondônia se deu depois de uma desavença que seu pai teve com um vizinho, em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Seu pai nomeado agente fiscal, chega à cidade de Santo Antônio, que hoje é Porto Velho. O jornalista não sabe precisar ao certo em que ano chegou a Rondônia, na época era muito pequeno. 

O empresário conta que herdou de seu pai um seringal e por não saber administrá-lo vendeu e montou um negócio de mesas de bilhar que ficava ao lado do antigo prédio do jornal Alto Madeira, no centro da cidade de Porto Velho. Euro recebeu um convite para escrever em uma coluna do jornal, no início não aceitou, porém, depois acabou se rendendo. Na época, o jornal pertencia ao médico Joaquim Augusto Tanajura, e após sua morte foi vendido para o ferroviário Inácio Castro. Mais tarde faria parte do grupo de comunicação do jornalista Assis Chateaubriand, o Chatô.

A família Tourinho comprou o jornal na década de 60, após a morte de Chatô. Naquela época manter um jornal na região amazônica não era muito rentável, então os condôminos, que era um grupo de pessoas de confiança de Chateaubriand, resolveram vender o jornal para a família Tourinho.

Euro conta que tinha grande amizade com Assis Chateaubriand e toda vez que ia ao Rio de Janeiro sempre passava para ter com o amigo “um dedo” de prosa. Na época que o Alto Madeira era parte do Diários Associados, empresa de Chatô, o responsável pela supervisão do jornal era Epaminondas Baraúna. Sabendo que estava sendo feito uma negociação, à revelia de Baraúna, para que os “Aluizistas” (seguidores do ex-governador Aluízio Ferreira) tivessem o controle do jornal, Euro Tourinho fez denúncia ao supervisor que, após constatado a veracidade das informações, o convidou para ser diretor do Jornal. 

Décadas depois, o jornalista continua a escrever em sua máquina Olivetti, por algumas vezes seus familiares contrataram profissionais para ensiná-lo a usar o computador, sem sucesso. Mesmo afirmando não ter aversão ao digital, apenas diz que não sabe o motivo, mas prefere continuar datilografando.

"No jornalismo, principalmente, você tem que ter ética acima de tudo para exercer a profissão" - Euro Tourinho, jornalista 

O jornal não é enviado para impressão antes de passar pelas mãos sábias desse quase centenário jornalista. Ele fala com orgulho de ter sua folha de pagamento de 18 funcionários sempre em dia. Recentemente, o Tribunal de Justiça do Trabalho o agraciou com a comenda da Ordem ao Mérito Judiciário Trabalhista do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, motivo de orgulho para aquele que já foi agraciado com tantas honrarias. Euro fez questão de enfatizar que de todas as homenagens recebidas, porém, a da Justiça do Trabalho é que lhe traz maior orgulho por ser reconhecido como uma empresa que cuida e se preocupa com o bem estar dos funcionários.

Tourinho ressalta a importância da ética no jornalismo
 (Foto: Joéliton Menezes/Focas do Madeira)
Ao ser questionado sobre crise e o fim do jornal impresso, é enfático. “Não existe crise, como pode um jornal ter crise se aproximando de 100 anos de existência? O que aconteceu foi uma redução no número de leitores, e o jornal impresso não morrerá jamais”.

Euro Tourinho fala com orgulho da profissão e deixa uma mensagem para os atuais e futuros profissionais da comunicação. “É uma profissão muito bonita, quando ela é exercida com respeito e dignidade. Acho que toda profissão você tem que ter respeito por ela. No jornalismo, principalmente, você tem que ter ética acima de tudo para exercer a profissão, respeito pela pessoa que você está criticando, essa foi sempre a linha do Alto Madeira. O cuidado nas matérias, não ficar inventando historinhas, publicar as coisas quando tiver documento, eu por exemplo, sou fissurado nisso, não publico nada se eu não tiver documento, essa é umas das razões principais para o jornalista fazer um bom jornalismo”, ensina Euro Tourinho.

Pauta e texto: Joéliton Menezes
Edição: Marcela Ximenes

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