Ivana Brito sofreu um acidente quando voltava de uma festa de aniversário com o namorado.
Ivana Brito estava na garupa da moto de seu namorado quando sofreu um acidente (Foto:Hosana Morais/Focas do Madeira) |
Aos 20 anos, Ivana Magalhães carrega em sua perna marcas que vão acompanhá-la pelo resto da vida. A jovem estudante de enfermagem voltava de uma festa de aniversário com o namorado, quando um motociclista alcoolizado bateu na moto em que o casal estava. O acidente foi à 1h do dia 21 de setembro de 2014 na avenida Sete de Setembro, em Porto Velho.
Ivana retirou o fixador externo após meses do acidente (foto: Ivana Brito/Arquivo Pessoal) |
A jovem afirma que a única ajuda que recebeu do homem que
causou o acidente foi a chamada de socorro. “O cara veio antes das enfermeiras
e do médico, o homem que bateu na gente chamou o Samu, foi à única coisa que
ele fez pela gente mesmo. Chamar o Samu”, conta Ivana.
Após sete meses do acidente, Ivana iniciou a fisioterapia.
Mas, mesmo após tirar o fixador externo que estava parafusado em sua perna, o osso
não havia se recuperado da batida. Pouco depois, a jovem caiu e procurou
atendimento hospitalar. "Voltei com meu médico e ele pediu pra operar, porque
do jeito que estava corria o risco de quebrar o pouco que está já havia consertado",
explicou Ivana
De acordo com a fisioterapeuta Roberta Pantoja, que cuida
do caso da Ivana desde maio de 2015, a jovem melhorou o seu andar com os
exercícios. "No começo foi difícil, ela não pisava, o osso dela não
consolidava. Então a recuperação foi lenta e quando foi autorizado pelo médico
a pisar no chão o osso não estava totalmente colocado. A fraqueza muscular da
perna estava muito grande, ela mancava e sentia muita dor. Em novembro de 2015,
ela fez a cirurgia para colocar a placa, nessa outra ela recuperou rápido até
começar a andar", conta Roberta.
Conforme a fisioterapeuta, após o acidente Ivana anda de
acordo com suas possibilidades. "Ela anda normal dentro da limitação dela, a
paciente não está melhor, pois não vai assiduamente à fisioterapia", explica
Roberta.
Mesmo carregando sequelas físicas de um acidente de
trânsito, Ivana fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014 e em junho
de 2015 ela ganhou uma bolsa para estudar enfermagem em uma faculdade
particular de Porto Velho. A estudante fez a prova utilizando o fixador externo
parafusado a sua perna, mesmo assim ela conseguiu meia bolsa.
Apesar de começar a retomar a vida com a ajuda da
fisioterapia, Ivana ainda não pode praticar esporte ou correr, pois sua perna
ainda não está 100 % recuperada.
Meses após o acidente a jovem participou de uma audiência
sobre o acidente, porém mesmo sem culpar o jovem que causou a batida, ela não
conseguiu olhá-lo. “Eu passei do lado dele, mas eu não consegui olhar pro rosto
dele. Eu já pesquisei ele no facebook vi tudo. Eu não acho que ele é culpado foi
um acidente, mas eu acho que alguns podem ser evitados”, ressaltou Ivana.
Entretanto, após um ano e seis meses do acidente, Ivana
ainda não consegue andar na garupa de uma motocicleta. "Eu nunca mais me
imaginei em cima de uma moto, sempre andei como passageira", confessou a
estudante. Embora a jovem ainda não tenha procurado uma ajuda psicológica, por
muito tempo ela carregou consigo o medo das aproximações de motociclistas
próximo ao veiculo que se encontrava.
Ivana faz fisioterapia desde maio de 2015 (Foto: Ivana Brito/Arquivo Pessoal) |
"Depois que eu
comecei a voltar a andar de carro assim que eu saí do hospital, sempre quando
eu via uma moto muito perto do carro eu ficava com medo. Então no começo mesmo
eu fiquei muito apreensiva sim, não saia na rua. Só que hoje em dia eu estou
bem mais acostumada", conta Ivana.
Paula Poliana, irmã de Ivana, ficou assustada com a violência com que foi o acidente. "Apesar de na época eu também andar de moto fiquei com medo dessa violência no trânsito. A falta de responsabilidade das pessoas transformar seu meio de transporte em uma arma. Tenho medo do trânsito em si", conta Paula.
Segundo o psicólogo Antônio Gurgel, é importante que uma vítima de acidente procure um especialista para saber se desenvolveu o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Tept). “É extremamente aconselhável que se procure um psicólogo após alguma qualquer situação desse tipo, independente da instauração de um transtorno ou não", explica Gurgel.
Conforme o psicólogo, uma
pessoa pode desenvolver o Tept se houver refletidas lembranças do sinistro
vivido. "A ligação com o evento tem que ser muito clara, a pessoa geralmente se
recorda desse evento repetidamente. Mas, é comum também, um dos mecanismos de
defesa que se tem conhecimento é o próprio recalque, a negação", esclarece
Gurgel.
Por fim, o psicólogo
acredita que mesmo que uma vítima de acidente não desenvolva o Tept, a
experiência traumática pode influenciá-la.
Pauta e texto:Hosana Morais
Edição: Marcela Ximenes
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