Psicóloga afirma que vítima pode ter dificuldade em relacionamentos sociais e baixo desenvolvimento escolar.
Ofensas podem deixar sequelas na vida da vítima de cyberbullying (Foto: Blog IT Perin/Reprodução) |
Com a
massificação de diferentes tecnologias digitais entre crianças e adolescentes,
a prática de cyberbullying se tornou comum. Comunidades virtuais, mensagens
instantâneas, sites de relacionamentos, redes sociais e outros meios se
tornaram canais para a prática do crime. Apesar de muitos pais e educadores já
reconhecem o risco da prática do bullying, poucos estão prevenidos em relação
aos danos que crianças e adolescentes podem sofrer.
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio John
Kennedy, situada no centro de Porto Velho, a coordenadora do colégio, Alaide
Lima, expõe que como medidas preventivas são realizadas palestras com pessoas
que possuem propriedade no assunto, tendo como intuito conscientizar os alunos
sobre a prática, as consequências para a vítima e para o agressor e maneiras de
como realizar denúncias.
A educadora conta também que quando ocorrem episódios de bullying
ou cyberbullying dentro do colégio e chegam ao conhecimento dos professores, é
orientado que compareça à escola tanto os pais do agressor quanto da vítima, a
fim de solucionar o problema e, em casos avançados, é repassado para o conselho
tutelar tomar outras medidas cabíveis. Alaide orienta os professores a
comunicar à diretoria da escola caso algum aluno apresente mudança de
comportamento e haja suspeita que ele esteja sendo vítima de algum tipo de
agressão por parte dos demais alunos.
Os efeitos e impactos causados pelo cyberbullying sobre
crianças e adolescentes são tão devastadores quanto os do bullying. Paulo
Roberto* é aluno do 6° ano do ensino fundamental de uma escola de Porto Velho e
conta que alguns meninos de outra turma começaram a apelidá-lo de rato de
esgoto e persegui-lo pelo colégio durante o recreio fazendo piadinhas com sua
aparência.
Ana Paula* relata que as consequências do bullying na
internet causaram grande sofrimento em sua vida. A adolescente teve fotos
íntimas vazadas pelo namorado após romper o relacionamento de ambos. Depois
muito tempo, conseguiu ter as imagens removidas de um site de relacionamentos,
mas vez ou outra aparece alguém com as fotos salvas e as divulgam em
aplicativos de mensagens instantâneas.
“Dependendo do foco do bullying praticado, como ofender uma pessoa por seu peso, pode afetar drasticamente a autoestima da vítima. A pessoa pode desenvolver uma imagem corporal modificada da realidade e também adquirir algum distúrbio alimentar, como a anorexia e a bulimia” - Taís Pacheco, psicóloga
Qualquer pessoa que tenha sofrido algum tipo de agressão
física, verbal ou emocional necessita de ajuda e proteção. As vítimas de
bullying e cyberbullying devem informar aos seus pais ou responsáveis as
agressões que vêm sofrendo.
De acordo com a psicóloga Taís Poncio Pacheco, os indivíduos
que sofrem ataques do tipo podem vir a sofrer diversos danos futuros.
“Dependendo do foco do bullying praticado, como ofender uma pessoa por seu
peso, pode afetar drasticamente a autoestima da vítima. A pessoa pode desenvolver
uma imagem corporal modificada da realidade e também adquirir algum distúrbio
alimentar, como a anorexia e a bulimia.”
Taís expõe também que a vítima pode ter dificuldade em
relacionamentos sociais e baixo desenvolvimento escolar. “A vítima após receber
diferentes maus tratos, tanto na escola quanto pelas redes sociais, pode
apresentar diferenças quando for criar laços afetivos com novas pessoas. Devido
à falta de confiança, ela pode apresentar-se de forma mais retraída ou
agressiva, dependendo da personalidade do indivíduo” conta.
Os que praticam o bullying, intitulados bully, apresentam
tal tipo de comportamento devido a alguns fatores que o levam a depreciar a
imagem alheia com a intenção de sentirem-se melhores. A psicóloga aponta que os
praticantes do bullying geralmente possuem um comportamento agressivo
exacerbado, derivado de possíveis problemas familiares que refletem fora de seu
ambiente doméstico. “O praticante pode ter presenciado cenas de discussões ou
repressões dentro de casa que o levam a pensar que essa seria uma maneira
adequada de se tratar o próximo.”
Bullying pode afetar desenvolvimento escolar da vítima dessa violência (Foto:Speed/Reprodução) |
Crime contra a honra
A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime
Organizado (CSPCCO) aprovou em 2013 um projeto de lei que inclui no Código
Penal o crime de intimidação vexatória. A ementa tipifica o bullying como crime
contra a honra. De acordo com a proposta, o crime consiste em intimidar,
constranger, ofender, castigar, submeter, ridicularizar ou expor alguém a
sofrimento físico ou moral.
A pena prevista é de detenção de um a três anos e multa. Se
o crime ocorrer em ambiente escolar, a pena será aumentada em 50%.Se o crime
for praticado por meio virtual de comunicação (cyberbullying), a pena será
aumentada em dois terços.Se a vítima for deficiente físico ou mental, menor de
12 anos, ou se o crime ocorrer explicitando preconceito de raça, etnia, cor,
religião, procedência, gênero, idade, orientação sexual ou aparência física, a
pena será aplicada em dobro.Se do crime de intimidação vexatória resultar lesão
corporal ou sequela psicológica grave de natureza temporária, a pena será de
reclusão de 1 a 5 anos. Se a lesão for de natureza permanente, a pena aumentará
para reclusão de 2 a 8 anos. Já se a intimidação resultar em morte, a pena será
de reclusão de 4 a 12 anos.
Pauta e texto: Allonnso Prudente (6º período)
Edição: Marcela Ximenes
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