Aos
26 anos de existência, escola de
música agora possui classe da melhor idade
Manoel Sobrinho, aluno do projeto (Foto: Mary Stephany/Focas do Madeira)
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A Escola Municipal Jorge Andrade, em Porto Velho, quebrou paradigmas e criou uma nova classe, a classe denominada Canto da Idade. Segundo a diretora Dulciléia Borges, o projeto nasceu após a percepção da grande procura de pessoas com mais de 50 anos para fazer aula de música. “A música é muito importante para todas as idades, mas para os mais experientes, serve como aprendizado e um novo jeito de ocupar o tempo”, afirma a diretora.
A escola utiliza sorteios
como método de seleção de alunos. Durante o dia, estudam alunos de 8 a 17 anos.
O horário da noite é reservado aos alunos que possuem maior idade. Os idosos
interessados procuravam se inscrever, e se sorteados, iniciavam as aulas.
Porém, durante o ano letivo, os mais velhos não conseguiam acompanhar as aulas
porque a metodologia não era adequada para a idade. “Então desenvolvemos o
projeto, com professores adequados e com didáticas adaptadas para a idade dos
alunos. Assim como as crianças possuem um ensino diferenciado dos adultos, os
idosos merecem uma atenção especial”, avalia Dulciléia Borges.
Em 2014, deu-se
início à primeira turma do projeto Canto da Idade, com mais de 30 alunos em
sala de aula. No decorrer do ano, houve poucas desistências. Os alunos
aprenderam a base da música, e não apenas as famosas sete notas musicais (Dó,
Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si). A professora Raquel Cabral diz que a experiência
valeu a pena.
Diferente de uma criança ou um adolescente, o adulto sabe o que quer, e a maturidade de quem possui a melhor idade o ajuda a persistir e alcançar a meta. “Para eles é uma questão de conquista. Alguns chegaram acreditando que não conseguiam e se surpreenderam ao ver que conseguiram concluir todo o ano letivo“, afirma a professora.
"Assim como as crianças possuem um ensino diferenciado dos adultos, os idosos merecem uma atenção especial” - Dulciléia Borges
Diferente de uma criança ou um adolescente, o adulto sabe o que quer, e a maturidade de quem possui a melhor idade o ajuda a persistir e alcançar a meta. “Para eles é uma questão de conquista. Alguns chegaram acreditando que não conseguiam e se surpreenderam ao ver que conseguiram concluir todo o ano letivo“, afirma a professora.
Manoel Alves
Sobrinho, de 72 anos, participou do projeto e concluiu a etapa de
musicalização. “Para mim foi de grande importância, visto que aprendemos a
parte inicial e básica da música. A escola é muito importante para o município
e para a sociedade, nós é que não aproveitamos a escola como devemos”, comenta o aluno. Manoel conta que, durante o período letivo, se reunia com os amigos de
turma no mínimo duas vezes por semana para treinar e relembrar o que foi
passado em sala de aula. Em sua apresentação com a turma, tocou na flauta doce
canções natalinas e cantigas.
No último mês de
novembro, os alunos fizeram uma apresentação no auditório da escola, onde
mostraram aos amigos e familiares o que aprenderam na teoria e na prática. A
alfabetização musical proporcionou para os alunos do projeto o estímulo à vida
e a criatividade, pois, ao invés de ficarem ociosos, estarão nas horas vagas
treinando flauta doce ou revendo a partitura para não esquecer o que foi
passado em aula. Fizeram novas amizades, criando um novo círculo de
convivência.
História da escola
Em novembro, alunos se apresentaram para familiares e convidados (Foto: Escola de Música Jorge Andrade) |
História da escola
A Escola Municipal
Jorge Andrade foi inaugurada no dia 1 de janeiro de 1988 pelo prefeito Tomás
Correia. Mas o movimento para a criação da escola iniciou anos antes. Na época,
o professor e músico Sebastião Araújo Alves das Graças começou a dar aula para
um grupo de aproximadamente 20 adolescentes no antigo Teatro Municipal. Em
seguida, as aulas mudaram para a biblioteca Dr. José Pontes Pinto (na avenida
Farquhar). Com o aumento dos alunos, a prefeitura alugou uma casa no início da avenida
Abunã, neste local, surgiu a ideia de montar uma Orquestra Municipal.
Aprovando o novo projeto, o prefeito Tomás Correia construiu a atual escola de música, com o objetivo de que, os alunos que ali estudassem, formassem a sonhada orquestra. Seis meses antes da inauguração, os alunos que possuíam a maior idade foram contratados como instrutores da nova escola. De 20 alunos, seis foram contratados.
Aprovando o novo projeto, o prefeito Tomás Correia construiu a atual escola de música, com o objetivo de que, os alunos que ali estudassem, formassem a sonhada orquestra. Seis meses antes da inauguração, os alunos que possuíam a maior idade foram contratados como instrutores da nova escola. De 20 alunos, seis foram contratados.
Como a
ideia era nova e não foi divulgada, no primeiro ano não teve procura. Porém, do
segundo ano em diante, a procura foi aumentando cada vez mais, satisfazendo os
idealizadores. Com o tempo, o projeto inicial foi deixado de lado, e a escola
se tornou mais adepta de instrumentos populares. Os instrumentos da orquestra,
além de serem mais caros, possuíam pouca procura, proporcionando aos poucos a
mudança.
Paulo César Cardoso
atua como professor na escola desde o ano de fundação, e afirma que a realidade
é muito diferente do início. Até hoje, Porto Velho não possui uma orquestra. “O
município perde em questão de cultura. Os instrumentos populares são bons e têm
suas vantagens, mas uma orquestra melhora o nível cultural. Um exemplo é que
não se vê violência em um concerto”, afirma o professor mais antigo.
Hoje, a escola é
dirigida por Dulciléia Borges, oferece aula nos períodos da manhã, tarde e
noite; e instrumentos para o aprendizado na escola, mas orienta o aluno a ter o
mesmo em casa para treinar. Os alunos aprendem teoria musical e prática de
teclado, piano clássico, violão, bateria, violino, flauta transversal,
guitarra, contrabaixo, saxofone e técnica vocal.
Para ingressar como professor é necessário esperar o edital do concurso municipal. Para ser aluno, todos os anos, ao final do período letivo, deve-se dirigir à escola e colocar o nome para sorteio, se for contemplado, efetua a matrícula na semana seguinte. Boa sorte!
Pauta e texto: Mary
Stephany Porfiro (6°
Período)
Edição: Marcela Ximenes
Edição: Marcela Ximenes
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