sexta-feira, 13 de junho de 2014

Famílias atingidas pela cheia do Madeira seguem destinos diferentes após a baixa do nível do rio

As famílias que pretendem voltar para seus imóveis precisam do aval da Defesa Civil, e as que não têm para onde ir aguardam as obras do condomínio Orgulho do Madeira serem concluídas.

Após a cheia do rio Madeira, que no dia 30 de março de 2014 atingiu o seu nível mais alto, 19,74 metros, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), algumas famílias desabrigadas devido a enchente estão buscando retornar aos seus lares. No entanto, quando se deparam com seus móveis destruídos, paredes mofadas, insetos e até peixes mortos em suas residências percebem que a volta pra casa ficará cada dia mais longe ou até mesmo impossível. A situação é pior nas áreas ribeirinhas, onde os moradores ainda não têm previsão de retorno para as suas casas. O governo do estado de Rondônia e a prefeitura de Porto Velho estão trabalhando para que os danos e as perdas sejam minimizadas e as famílias possam recomeçar suas vidas mesmo que seja morando em outro local.

O marceneiro Francisco Assis mora no bairro Baixa da União, na região Central de Porto Velho, e está planejando a volta para casa, mas já chegou a pensar que isso será impossível. "Semana passada [início de maio] eu fui lá e a casa está toda manchada, caindo aos pedaços e eu creio que vou ter que gastar muito dinheiro pra reconstruir ela porque a gente entrou lá e as portas estavam caindo, o muro estava caindo, tudo podre, estava bastante difícil a situação”, narra.

Francisco conta que se mudou com a família, mãe e padrasto, há quase três meses. A mãe e o padrasto ficaram hospedados na casa de uma tia e ele na de um amigo. A maioria dos móveis da casa estragou e os prejuízos são incontáveis. "Perdemos móveis, camas, duas geladeiras e a situação está difícil, se a gente não tivesse sido mais rápido teria perdido muito mais coisas”, avalia Francisco.



Casa de Francisco Assis, no bairro Baixa da União, ficou com a marca da cheia (Foto: Ananda Carvalho/Focas do Madeira)

A casa de Francisco é uma das muitas que foram condenadas pela Defesa Civil, o que significa que não são moradias seguras. “A Defesa Civil já liberou a água da Caerd e a energia, mas ela [a casa] condenou totalmente. Podemos voltar por conta própria, caso aconteça alguma coisa, a responsabilidade é somente nossa. A Defesa Civil não se responsabiliza”, comenta o marceneiro.

A Defesa Civil afirma que já iniciou a etapa de vistorias nas regiões centrais da capital mais atingidas pela cheia e que não é recomendado que as pessoas tentem religar a energia por conta própria e nem insistam em retornar para as casas condenadas, pois o risco de desabamentos é muito grande. 

Moradia
Segundo o Governo do Estado de Rondônia, as obras do condomínio Orgulho do Madeira estão sendo finalizadas. São quatro mil unidades habitacionais, sendo 3.744 apartamentos e 256 casas, e 50% delas serão destinadas aos desabrigados e desalojados pela enchente. As casas serão distribuídas sem necessidade de inscrição prévia e com prioridade para as famílias que estejam dentro dos critérios adotados pelos programas Minha Casa Minha Vida, do governo federal, e Morada Nova, do governo estadual. Mais de 70% da obra está em fase de conclusão e duas mil casas serão entregues em junho, e as demais em julho, segundo o Departamento de Comunicação do Estado (Decom).


Unidades do Condomínio Orgulho do Madeira serão entregues a famílias atingidas pela cheia (Foto: Márcio Félix/Decom)


O secretário Municipal de Planejamento (Sempla), Jorge Elarrat, disse a que a prefeitura vem trabalhando para encontrar soluções para atender as famílias desabrigadas e desalojadas. "A curto prazo as soluções encontradas são o oferecimento de aluguel social e de alguns apoios que o próprio governo do estado está oferecendo. A médio prazo, e quando falo médio prazo é daqui a dois meses, será a entrega de unidades habitacionais para as famílias que foram atingidas na cidade", afirma


Ministério público
O promotor de Justiça Everton Aguiar explica que o Ministério Público Estadual  está acompanhando os trabalhos das autoridades com as famílias atingidas pela cheia e que os problemas causados pelas enchentes serão resolvidos gradativamente. “Estamos deixando claro a necessidade de ser ter planos para a ação imediata e longo prazo. Não há a menor possibilidade do estado, isso independentemente do governante, independentemente de vontade política, resolver todos os problemas que as enchentes provocaram de uma única vez, de uma forma imediata. Então nós temos que enfrentar nesse exato momento as circunstâncias mais imediatas e então iniciar os projetos e acompanhar a execução desses projetos”, afirma Aguiar.

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Pauta e texto: Ananda Carvalho

Edição: Marcela Ximenes

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