quinta-feira, 26 de junho de 2014

Após cheia, Iphan calcula mais de um metro de lama em pontos do complexo ferroviário, em Porto Velho

Equipes da Semusb e Exército realizam a limpeza do local atualmente. Não há prazo para a retirada total dos sedimentos acumulados, segundo Iphan.


Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, foi tomado 
por lama e argila após enchente do Rio Madeira (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
Um dos cartões postais mais conhecidos de Rondônia, o Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, continua em processo de limpeza de sedimentos trazidos pelo Rio Madeira, após a históricacheia, que chegou a atingir a marca de 19,74 metros em março deste ano, deacordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Rondônia afirma que os sedimentos em alguns pontos do complexo ultrapassam um metro de altura. Atualmente, a Prefeitura de Porto Velho e o Exército trabalham na limpeza do espaço.

Enquanto o nível do rio subia, a superintendente do Iphan em Rondônia, Mônica Oliveira, conta que a equipe técnica começou a planejar ações pós-enchente. “Qualquer ação para mexer naquele material teria que esperar a descida das águas para que se pudesse avaliar a extensão e o tipo de danos sofrido e identificar os cuidados necessários”, explica.

Atualmente, Semusb e Exército realizam a limpeza do local (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
Mônica diz que o Iphan começou a preparar um cronograma se baseando nas prioridades emergenciais a curto, médio e longo prazo. A ação identificada como imediata pelo Iphan foi a limpeza do espaço, que ainda está em andamento. “É uma etapa bastante longa, mas que a gente espera que não demore muito”, considera.

Uma equipe da Secretaria Municipal de Obras (Semusb) iniciou o trabalho de limpeza do complexo em maio com ajuda de caminhões-pipa e jatos de água de alta pressão para retirar os sedimentos acumulados na área descoberta. “A quantidade de sedimento é incrível. Em alguns pontos da Estrada [de Ferro], chega a ultrapassar um metro de altura”, avalia a superintendente.

Iphan diz que sedimentos acumulados em pontos do complexo ultrapassam um metro de altura (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
Mesmo que esteja acontecendo a limpeza no local, Mônica a considera lenta e diz que é necessário ter mais agilidade. Para isto, militares do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) do Exército foram chamados para auxiliar na limpeza. “Para o metal, que aparece nas máquinas e nas chapas metálicas dos galpões, é ruim ficar em contato muito tempo com a umidade. Além do espaço em geral, que fica inacessível aos visitantes”, lembra.

Após a retirada dos sedimentos do espaço, a superintendente informa que será iniciado o processo de restauração minuciosa dos vagões, locomotivas e galpões. “Assim que for limpa a lama mais grossa, a equipe iniciará um novo processo de limpeza, mais minucioso para não danificar as estruturas das peças”, explica Mônica, que não soube informar prazo para conclusão de toda limpeza do complexo.

Peças e equipamentos da ferrovia deixadas no local durante a cheia sofrem com a corrosão da estrutura (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
Revitalização e restauração
Em 2012, a concessionária Santo Antônio Energia (SAE) iniciou o trabalho de recuperação do Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, restaurando o Galpão 2 e a Praça da Estação. De acordo com a assessoria da SAE, mais de 90% das obras estavam concluídas quando ocorreu a cheia do Rio Madeira.

O girador, a rotunda e oficina serão limpos e pintados novamente e entregues à administração da Prefeitura de Porto Velho, segundo a concessionária. Das obras de condicionantes junto ao Iphan, o que resta é a restauração da linha férrea entre o complexo e a Igreja de Santo Antônio, ambas na capital.

O Iphan avaliou solicitar o auxílio da SAE para a limpeza do complexo junto com a Semusb e o Exército, entretanto ainda não há decisão da diretoria da concessionária para a ação.

Limpeza dos sedimentos deve ser agilizada, considera a superintendente do Iphan, Mônica Oliveira (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)

Cheia do Madeira
Com o pico de 19,74 metros registrado no dia 30 de março pela a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), a cheia histórica do Rio Madeira ultrapassou a maior contabilizada em 1997, aferida em 17,52 metros. A enchente atingiu mais de 30 mil pessoas, principalmente, em Porto Velho, Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Diversas escolas municipais e estaduais foram atingidas e algumas serviram como abrigos para as famílias desalojadas, causando a interrupção de aproximadamente três meses de aulas.


O governo federal reconheceu  a situação da enchente em Rondônia como calamidade pública e o poder público estadual avaliou em R$ 5 bilhões para a ‘reconstrução’ do estado após a cheia. 

De acordo com o Iphan, não há prazo para a retirada total dos sedimentos da praça ferroviária (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
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Pauta e texto: Halex Frederic
Edição: Marcela Ximenes

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