quinta-feira, 26 de junho de 2014

Cães e gatos são resgatados durante cheia; associação precisa de ajuda para manter ações

Famílias atingidas deixaram para trás animais de estimação, alguns foram resgatados pela Associação Amigos de Patas.

Os animais domésticos também foram afetados pela enchente causada pela elevação do nível do Rio MadeiraAna Paula Venâncio, moradora do bairro Mocambo que teve sua casa atingida pela alagação, conta que passou por grandes dificuldades na hora de resgatar seus animais. “Quando começou a alagar aqui em casa, eu fiquei desnorteada porque não sabia onde deixar os gatos. Alugamos um apartamento, que foi dividido entre nove pessoas, algumas com problemas de saúde e por isso então eu fui proibida de levar os animais. Então não sabendo onde deixar, acabei deixando eles pela minha casa mesmo”, conta. 

Ana relata também que quando teve de deixar os animais para trás, muitos ficaram doentes e tiveram início de depressão. “Foi complicado, eu levei só um, o Juca, e ele e todos os outros tiveram depressão, todos perderam os pelos, não queriam comer, vomitavam, tiveram diarreia, passaram muito mal. Hoje eu estou sem nenhum animal de estimação, mas espero voltar a ter”, comenta.

Cachorrinho meio ao dano causado pela enchente na E.F.M.M. (Foto: Allonnso Prudente/ Focas do Madeira)
Com o intuito de diminuir a tristeza das famílias e seus bichinhos, a Associação Protetora dos Animais Desamparados – Amigos de Patas tem realizado um trabalho mais intensivo desde fevereiro, quando o nível do rio Madeira começou a subir. 

A associação, que não tem fins lucrativos e vive de doações da população e parcerias, está recolhendo os animais abandonados e levando-os para a sua sede, onde cuidam de centenas de animais, sendo eles gatos e cachorros. Clotilde Brito, responsável pela ONG, conta que foram resgatados mais de 200 animais durante as alagações que devastaram parte da região central da cidade. Há cães e gatos recolhidos na cidade de Porto Velho e nos distritos de São Carlos e Nazaré.

Na associação, criada em 2009, os animais são tratados, alimentados, vermifugados e em seguida disponibilizados para adoção. Atualmente, a associação conta com um grupo de 10 pessoas, além de parcerias com clínicas veterinárias, voluntários que ajudam na arrecadação de alimento, na limpeza dos abrigos e no recolhimento dos animais que se encontram nas ruas.

Recentemente, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), através de um termo de convênio, repassará cerca de R$ 90 mil para a associação. O repasse vai cobrir gastos com a compra de ração, medicamentos e vacinas para cães e gatos . Esse foi o primeiro projeto voltado para os cuidados de animais abandonados no estado de Rondônia e, além da parceria com a Semusa, que visa evitar o sacrifício de animais, foi também proibida a eutanásia em animais considerados saudáveis ou com perspectivas de recuperação de saúde, com a intenção de que a instituição seja contactada e faça o resgate dos animais para que eles sejam devidamente tratados e encaminhados à adoção.

A associação Amigos de Patas, esporadicamente, realiza feiras de adoção dos animais que são recolhidos e tratados por eles. Os interessados em realizar a adoção ou fazer doações, podem comparecer a uma feira ou entrar em contato por meio dos telefones (69) 9982-2772 ou (69) 9954-4940.


Sobre a Cheia
A cheia histórica do Rio Madeira – um dos principais afluentes do Rio Amazonas, tendo sua nascente denominada Rio Beni, localizada na Cordilheira dos Andes – afetou aproximadamente 30 mil pessoas em Rondônia. Estendendo-se pelos meses de fevereiro, março e abril, afetou municípios de Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Porto Velho.

Sem moradia, as famílias se viram obrigadas a se recolherem em alojamentos cedidos pela prefeitura feitos de barracas de lonas que se assemelham ao padrão utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países onde há grande nível de feridos em guerra ou doentes infectados em países com pouca salubridade. Outras se abrigaram em igrejas, instituições e em escolas municipais e estaduais, alterando assim o calendário escolar e causando um transtorno aos alunos e familiares.

Sabia mais:

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Pauta e texto: Allonnso Prudente
Edição: Marcela Ximenes 

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