segunda-feira, 8 de junho de 2015

Unidades de Pronto Atendimento de Porto Velho são alvo de reclamação de pacientes

Entre as principais deficiências encontradas nas UPAs apontadas pelo presidente do Cremero estão a falta de medicamentos e a baixa cobertura de efetivo médico
 
Fachada da Unidade de Pronto Atendimento da Zona Leste de Porto Velho (Foto: Hosana Morais/ Focas do Madeira)
Finalizadas e inauguradas em setembro de 2012, as Unidades de   Pronto Atendimento (UPAs) se localizam nas principais regiões da cidade de Porto Velho e funcionam 24 horas por dia. A verba para construção das unidades foi de R$ 10 milhões, um convênio entre o Governo Federal, a prefeitura de Porto Velho e a Usina Hidrelétrica de Jirau, em construção no distrito de Mutum-Paraná. Na época, foram prometidas cinco, mas após três anos somente duas saíram do papel.

As UPAs têm deixado a desejar tanto no atendimento quanto na limpeza do local, conforme constatou a dona de casa Laís Oliveira. Na manhã de uma quinta-feira de maio, a moradora da zona leste se encaminhou até a UPA de sua região. Ela sentia muitas dores no corpo e estava febril, e o que ela imaginou que seria um atendimento rápido, se tornou em penosa espera.  

“Cheguei lá umas 10h e sai umas 13h. Minha sorte que dessa vez tinha medicamento, por que das outras vezes tive que comprar”, disse Laís. A dona de casa falou que o atendimento é lento, o local está frequentemente sujo, além de reclamar de falta de médico que são insuficientes para atender os pacientes, segundo ela.


Sala de espera da UPA zona Leste às 17h de uma segunda- feirav(Foto: Hosana Morais/ Focas do Madeira)

UPA Jacy-Paraná
Segundo a autônoma Dulce Santos, que reside há nove anos no distrito de Jacy-Paraná a UPA da região é considerado um elefante branco pela população já que estão sendo gastos milhões e nada está finalizado ate o momento.

“Depois da enchente do ano passado, o local onde iniciou a construção vive alagado, e nenhuma resposta e dada população, a cada seis meses é feita uma promessa diferente e nada de se concretiza,” disse Dulce. 
A população do local já passou por diversos transtornos, segundo a autônoma, que certa vez teve que se dirigir a Porto Velho às pressas por seu filho necessitar de um atendimento e o posto da região não ter os medicamentos específicos.

“Meu filho tem uma alergia que fecha o pulmão e a ambulância que faz o transporte dos pacientes já estava a caminho de Porto Velho na mesma hora me encaminhei de táxi até a capital chegando lá, ele ficou internado no hospital infantil por alguns dias, com o efeito do tratamento podemos voltar para casa", conta.
 
De acordo com Dulce, a necessidade de existir uma UPA na região é devidoo local possuir apenas um posto de saúde e atender outros distritos. “Necessitamos sim de uma Unidade de Pronto atendimento e de forma rápida para que não possamos perder mais pessoas,” desabafou a moradora. 


Pacientes passam por triagem na unidade da zona Leste (Foto: Hosana Morai/Focas do Madeira)

Deficiências
Entre as principais deficiências encontradas nas UPAs apontadas pelo presidente do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), Rodrigo Almeida, estão a falta de medicamentos e a baixa cobertura de efetivo médico que, segundo ele, estaria em torno de 30%, e de 50%.

Rodrigo Almeida destacou que a estratégia de atendimento do programa Saúde da Família, dentro daquilo que é preconizado, muitas vezes acaba cobrindo o atendimento de urgência e emergência, justamente para desafogar o atendimento da UPA. “O paciente, muitas vezes, prefere ir imediatamente à UPA do que marcar uma consulta na Unidade Básica de Saúde(UBS). Ao chegar ao pronto-socorro, se depara com muita fila, espera, demora e é nesse momento que surge o conflito porque, na tentativa e no desespero de desafogar as UPAs, esses pacientes são mandados para o PSF, que por sua vez deixa de fazer o serviço de PSF para atender como uma UPA satélite”, explicou.

Cada UPA tem 1.500 mil metros quadrados. Foram investidos mais de R$ 2 milhões em equipamentos nas duas unidades de saúde. As unidades são do porte II e oferecem atendimento emergencial de baixa e média complexidade.


Atendimento
Pacientes na fila para retirar medicamento (Hosana Morais/Focas do Madeira)
O diretor da  Unidade e Pronto Atendimento zona leste, Roberto Lamarão, explicou que assumiu o cargo há um ano. “Desde que eu assumi muita coisa mudou, desde a escala dos médicos, ao tratamento ao paciente, nossa UPA encontra-se abastecida de medicamento, tendo em falta apenas um de modo geral que é usado para tratar infecções”, argumenta Lamarão.

Segundo o diretor, o maior pico dos atendimentos é às12h e às 19h. "É quando o trabalhador pode sair do seu trabalho para ver se consegue uma consulta na unidade", explica.

Sobre a falta de médicos, Roberto Lamarão justifica que muitos estão em férias, mas que a Secretaria Municipal de Saúde foi informada do problema. “Até inicio de julho terei novos médicos em pronto atendimento, estamos nos viramos como podemos, porém precisamos suprir essa falta,”, disse.

A enfermeira chefe da unidade, Flaviane Régis, explicou que muitos pacientes que vão à UPA não estão em estado de emergência ou urgência, podem esperar para serem atendidas nas UBS, porém insistem em procurar a UPA congestionando os atendimentos.“A maioria desses pacientes vem até de outras zonas, como a Sul ou Norte, pois sabem que aqui, mesmo demorando, atenderemos ele. Porém, eles não entendem que se chegar alguém baleado, esfaqueado ou acidentado teremos que dar prioridade,” destacou Flaviane.


Pauta e texto: Hosana Morais
Edição: Marcela Ximenes

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