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Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, foi tomado
por lama e argila após enchente do Rio Madeira (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
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Um dos cartões postais mais conhecidos de Rondônia, o
Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, continua em
processo de limpeza de sedimentos trazidos pelo Rio Madeira, após a históricacheia, que chegou a atingir a marca de 19,74 metros em março deste ano, deacordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Rondônia afirma que os
sedimentos em alguns pontos do complexo ultrapassam um metro de altura.
Atualmente, a Prefeitura de Porto Velho e o Exército trabalham na limpeza do
espaço.
Enquanto o nível do rio subia, a superintendente do Iphan em
Rondônia, Mônica Oliveira, conta que a equipe técnica começou a planejar ações
pós-enchente. “Qualquer ação para mexer naquele material teria que esperar a
descida das águas para que se pudesse avaliar a extensão e o tipo de danos sofrido
e identificar os cuidados necessários”, explica.
Atualmente, Semusb e Exército realizam a limpeza do local (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira) |
Mônica diz que o Iphan começou a preparar um cronograma se
baseando nas prioridades emergenciais a curto, médio e longo prazo. A ação
identificada como imediata pelo Iphan foi a limpeza do espaço, que ainda está
em andamento. “É uma etapa bastante longa, mas que a gente espera que não
demore muito”, considera.
Uma equipe da Secretaria Municipal de Obras (Semusb) iniciou
o trabalho de limpeza do complexo em maio com ajuda de caminhões-pipa e jatos
de água de alta pressão para retirar os sedimentos acumulados na área
descoberta. “A quantidade de sedimento é incrível. Em alguns pontos da Estrada
[de Ferro], chega a ultrapassar um metro de altura”, avalia a superintendente.
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Iphan diz que sedimentos acumulados em pontos do complexo ultrapassam um metro de altura (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
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Mesmo que esteja acontecendo a limpeza no local, Mônica a
considera lenta e diz que é necessário ter mais agilidade. Para isto, militares
do 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) do Exército foram chamados
para auxiliar na limpeza. “Para o metal, que aparece nas máquinas e nas chapas
metálicas dos galpões, é ruim ficar em contato muito tempo com a umidade. Além
do espaço em geral, que fica inacessível aos visitantes”, lembra.
Após a retirada dos sedimentos do espaço, a superintendente
informa que será iniciado o processo de restauração minuciosa dos vagões, locomotivas
e galpões. “Assim que for limpa a lama mais grossa, a equipe iniciará um novo
processo de limpeza, mais minucioso para não danificar as estruturas das
peças”, explica Mônica, que não soube informar prazo para conclusão de toda
limpeza do complexo.
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Peças e equipamentos da ferrovia deixadas no local durante a cheia sofrem com a corrosão da estrutura (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira)
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Revitalização e restauração
Em 2012, a concessionária Santo Antônio Energia (SAE)
iniciou o trabalho de recuperação do Complexo da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, restaurando o Galpão 2 e a Praça da Estação. De acordo com a
assessoria da SAE, mais de 90% das obras estavam concluídas quando ocorreu a cheia
do Rio Madeira.
O girador, a rotunda e oficina serão limpos e pintados
novamente e entregues à administração da Prefeitura de Porto Velho, segundo a concessionária. Das obras de condicionantes junto ao Iphan, o que
resta é a restauração da linha férrea entre o complexo e a Igreja de Santo
Antônio, ambas na capital.
O Iphan avaliou solicitar o auxílio da SAE para a limpeza do
complexo junto com a Semusb e o Exército, entretanto ainda não há decisão da
diretoria da concessionária para a ação.
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Limpeza dos sedimentos deve ser agilizada, considera a superintendente do Iphan, Mônica Oliveira (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira) |
Cheia do Madeira
Com o pico de 19,74 metros registrado no dia 30 de março
pela a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), a cheia histórica do
Rio Madeira ultrapassou a maior contabilizada em 1997, aferida em 17,52 metros.
A enchente atingiu mais de 30 mil pessoas, principalmente, em Porto Velho, Nova
Mamoré e Guajará-Mirim. Diversas escolas municipais e estaduais foram atingidas
e algumas serviram como abrigos para as famílias desalojadas, causando a interrupção de
aproximadamente três meses de aulas.
O governo federal reconheceu a situação da enchente em Rondônia como
calamidade pública e o poder público estadual avaliou em R$ 5 bilhões para a
‘reconstrução’ do estado após a cheia.
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De acordo com o Iphan, não há prazo para a retirada total dos sedimentos da praça ferroviária (Foto: Halex Frederic/Focas do Madeira) |
Cheia provocou transtornos no trânsito de Porto Velho; estragos ainda estão nas ruas
Pauta e texto: Halex Frederic
Edição: Marcela Ximenes
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